Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
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os recantos da sociedade, das cartilhas infantis ao car<strong>na</strong>val, nenhum governo anterior utilizou-<br />
se de propaganda de forma tão sofisticada”.<br />
Como foi possível perceber neste breve percurso histórico, a atuação <strong>do</strong> regime getulista<br />
<strong>na</strong> área da cultura foi marcada por uma forte intervenção nos mo<strong>do</strong>s de produção e difusão<br />
<strong>do</strong>s bens culturais. Cooptan<strong>do</strong> intelectuais e instituin<strong>do</strong> práticas corporativas e clientelistas, o<br />
Esta<strong>do</strong> passou a ser o agente fundamental e onipresente no momento semi<strong>na</strong>l em que se<br />
esboçava os primeiros contornos <strong>do</strong> campo <strong>cultural</strong> no país. No entanto, como vimos, a<br />
intervenção estatal <strong>na</strong> cultura, além de regular suas práticas e mo<strong>do</strong>s de produção,<br />
ambicio<strong>na</strong>va um propósito mais ousa<strong>do</strong>: o de construir a própria <strong>na</strong>ção brasileira e inventar<br />
um novo ‘Ser <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l’, capaz de sintetizar a essência da cultura brasileira e de responder aos<br />
desafios de um país que apontava para o progresso e para o futuro. Sob esta tônica, i<strong>na</strong>ugura-<br />
se no Brasil uma longa tradição da atuação de um Esta<strong>do</strong> centraliza<strong>do</strong>r e onipresente no trato<br />
da matéria ligada a assuntos da cultura <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />
3.2 O REGIME MILITAR E A CULTURA: DO NACIONAL-POPULAR AO<br />
MERCADO-CONSUMO:<br />
A censura, ela gosta da arte<br />
Mas é a Medusa retocan<strong>do</strong> a musa<br />
A censura, ela ama a arte<br />
Mas é como a fera pentean<strong>do</strong> a bela<br />
A censura, ela morre de amor pela arte<br />
Mas é a enxada<br />
Acarinhan<strong>do</strong> a fada<br />
A censura, ela a<strong>do</strong>ra a fragrância da arte<br />
Mas é o macha<strong>do</strong><br />
Entre as flores <strong>do</strong> pra<strong>do</strong><br />
69<br />
Tom Zé<br />
Após o golpe militar de 1964, momento político que ocasionou a instauração de mais<br />
um regime ditatorial no país, similar ao governo de Getulio Vargas, o Esta<strong>do</strong> continuará<br />
cumprin<strong>do</strong> um papel essencial nos mo<strong>do</strong>s de produção e organização <strong>do</strong> campo <strong>cultural</strong> no<br />
país ao implementar, de forma mais sistemática, planos e diretrizes gover<strong>na</strong>mentais<br />
específicas para o setor <strong>cultural</strong>.<br />
Mais uma vez, assim como costuma ser a orientação das práticas de regimes<br />
autoritários, o Esta<strong>do</strong> atuará como agente centraliza<strong>do</strong>r e organiza<strong>do</strong>r da vida social em suas