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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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ambiência propícia para ser leva<strong>do</strong> adiante o projeto de consolidação <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

social e econômico que esse novo governo colocava como meta a ser cumprida.<br />

Para a realização <strong>do</strong> projeto de fortalecimento político e econômico, o Esta<strong>do</strong> brasileiro<br />

assume um novo formato. Amplia<strong>do</strong> em sua dimensão administrativa e institucio<strong>na</strong>l, o<br />

aparelho estatal sofre uma considerável reforma com a criação de Ministérios específicos<br />

como os da Educação e Saúde (1930), o <strong>do</strong> Trabalho (1930) e com a criação <strong>do</strong> Departamento<br />

Nacio<strong>na</strong>l de Propaganda (1934) e <strong>do</strong> Departamento Administrativo <strong>do</strong> Serviço Público –<br />

DASP (1938). Desse mo<strong>do</strong>, o Esta<strong>do</strong> assumiu a função de agente organiza<strong>do</strong>r da sociedade,<br />

de representante legal <strong>do</strong>s interesses da <strong>na</strong>ção, ou sob a luz das teorias de Pierre Bourdieu<br />

(1996b), revestiu-se <strong>do</strong> papel de agente detentor <strong>do</strong> monopólio da violência e da produção<br />

simbólica.<br />

Para conduzir seu projeto político, o governo getulista alicerçou suas bases de atuação<br />

<strong>na</strong> constituição da <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lidade, <strong>na</strong> criação de uma <strong>na</strong>ção homogênea e de um novo ‘Ser<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l’. Sua empreitada era então a de suscitar um sentimento de <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lidade, de<br />

brasilidade, enfim, de pertencimento de um povo pelo seu chão, pelo seu país, de forma que o<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lismo começava a constituir-se como a própria política de Esta<strong>do</strong> (OLIVEIRA apud<br />

BARBALHO, 1998, p.34).<br />

No que se refere às formulações teóricas sobre o tema da cultura brasileira e da<br />

identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, neste perío<strong>do</strong> ainda vicejava a ideologia de tons preconceituosos sobre o<br />

caráter <strong>do</strong> homem brasileiro, em que a mestiçagem racial se apresentava como uma barreira<br />

que impedia a formação de uma ‘verdadeira’ cultura <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. No entanto, este foi um perío<strong>do</strong><br />

em que o Brasil passava por profundas transformações estruturais em sua ordem social e<br />

econômica, e esta nova realidade social demandava uma outra interpretação <strong>do</strong> Brasil. Não<br />

por a<strong>caso</strong> surge neste momento a teoria de Gilberto Freyre sobre o “mito das três raças” (uma<br />

reinterpretação da temática racial proposta pelos intelectuais <strong>do</strong> fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> século XIX) –<br />

consubstancializada em sua célebre obra Casa Grande e Senzala – que sustenta a possibilidade<br />

da existência de uma democracia racial, através da miscige<strong>na</strong>ção entre branco, negro e índio.<br />

Desse mo<strong>do</strong>, no dizer de Ortiz (2003, p.41), Freyre transforma a negatividade <strong>do</strong><br />

mestiço em positividade, completan<strong>do</strong>-se os contornos <strong>do</strong> debate sobre a questão da<br />

identidade, empreendimento este que já vinha sen<strong>do</strong> desenha<strong>do</strong> por outras tradições<br />

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