Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
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3.1 A ERA VARGAS: A CONSTRUÇÃO DA NAÇÃO E DE UM NOVO SER<br />
NACIONAL<br />
61<br />
filho de lusos <strong>na</strong>gôs ítalos tupis<br />
eu sou o meu próprio país<br />
sob o sol que tu<strong>do</strong> <strong>do</strong>mi<strong>na</strong><br />
<strong>na</strong>s mati<strong>na</strong>s desses bárbaros brasis<br />
Antonio Risério, 1996.<br />
No Brasil, a esfera da cultura vai conhecer uma intervenção mais sistemática por parte<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, após a Revolução de 30, quan<strong>do</strong> um novo grupo detentor <strong>do</strong> poder, lidera<strong>do</strong> por<br />
Getúlio Vargas, assume o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> país. O projeto getulista pautava-se essencialmente <strong>na</strong><br />
construção de um Esta<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l centraliza<strong>do</strong>r, capaz de assumir as rédeas <strong>do</strong> coman<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
país de forma a amenizar as forças oligárquicas que se espalhavam pelos diferentes<br />
quadrantes <strong>do</strong> solo brasileiro, que por sua vez, esgarçavam o tecimento de uma possível<br />
unidade política e administrativa. O objetivo empreendi<strong>do</strong> era criar um aparelho de Esta<strong>do</strong><br />
forte e centraliza<strong>do</strong> de mo<strong>do</strong> a deslocar o poder <strong>do</strong> âmbito regio<strong>na</strong>l para o âmbito <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />
(OLIVEN,1986). Como explicita Lúcia Lippi:<br />
A formação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l envolve, entre outros aspectos, a construção<br />
de um aparato gover<strong>na</strong>mental com atuação efetiva em to<strong>do</strong> território<br />
<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, e que conjugue a ação gover<strong>na</strong>mental das esferas federal, estadual<br />
e municipal num projeto unifica<strong>do</strong>. A construção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, além das<br />
tarefas específicas, implica a existência de um objetivo comum no qual se<br />
empenham diferentes grupos da sociedade. E, vista desta perspectiva, a<br />
Revolução de 30 teria cumpri<strong>do</strong> uma importante etapa <strong>na</strong> reestruturação <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l brasileiro, <strong>na</strong> medida que abriu espaço para um projeto<br />
político e alocou às elites um papel central no encaminhamento de um<br />
programa de ação (LIPPI, 1980, p.37).<br />
Esse processo de legalização, institucio<strong>na</strong>lização e sistematização <strong>do</strong> aparelho estatal<br />
emergiu como um <strong>do</strong>s sintomas das importantes transformações econômicas e sociais que<br />
começaram a ser gestadas ainda durante a República Velha. Getúlio Vargas assumiu o<br />
coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> país no momento em que o Brasil começava a se deparar com crescentes<br />
processos de modernização, substancializa<strong>do</strong>s <strong>na</strong> substituição de um ciclo econômico rural e<br />
oligárquico pelo ciclo industrial, <strong>na</strong> expansão da sua malha urba<strong>na</strong>, no crescimento da classe<br />
média e no surgimento <strong>do</strong> proletaria<strong>do</strong>. A soma desses fatores se constituía, portanto, numa