Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

nacional e do popular, tornando a cultura como elemento essencial à viabilização desse
projeto. Se a intervenção do Estado Novo na cultura tinha como meta principal “criar uma
nação”, tendo na apropriação e reelaboração dos símbolos populares da cultura brasileira um
meio privilegiado para tal fim, já durante o regime militar pós-64, a elite dirigente tinha como
meta garantir a segurança e a integração do país, tendo como argamassa dessa união nacional
o promissor mercado de bens simbólicos que começava a se ampliar, fruto do modelo
específico de desenvolvimento capitalista viabilizado pelos militares naquele período.
Em que pese seus diferentes direcionamentos políticos e contextos sócio-econômicos, a
semelhança entre esses dois regimes de governo reside no fato de que em ambos os períodos o
Estado, apoiado sobretudo em um projeto econômico modernizador autoritário, atuou como
um agente decisivo na organização e gestão do campo cultural. Seja coibindo determinadas
expressões artístico-culturais através de mecanismos de censura, seja incentivando outras
manifestações e determinados grupos de intelectuais, ou propiciando o fortalecimento da área
através da criação de instituições culturais, a ingerência estatal, nesses dois períodos
específicos, fez emergir uma longa tradição em que a gestão da cultura ficou sob seu
comando, quase que exclusivamente, tornando-se até mesmo uma questão de segurança
nacional.
Compreender sócio-historicamente esses momentos paradigmáticos do modo de atuação
do poder público na esfera cultural nos levará ao entendimento das etapas seguintes da
história política brasileira em que começa a florescer um novo modelo de gestão para a
cultura. Novo, na medida em que o papel do Estado sofre modificações frente às mudanças
estruturais que se dão em escala mundial. Com os intensos processos de globalização e de
mundialização da cultura, vivenciados no Brasil mais intensamente a partir de meados da
década de oitenta, a missão totalizadora de construção de um projeto nacional para o país
perde terreno. Os projetos políticos dos governos democráticos alinham-se a uma agenda
neoliberal de administração que tensiona o transnacional, o nacional, o regional e o local ao
tempo em que avocam para si uma atuação menos intervencionista nos mais diversos setores
produtivos, sendo a cultura um deles.
Para dar conta desse fenômeno, discorreremos com brevidade sobre o processo de
redemocratização que o Brasil passa a conhecer em meados da década de 80, sobressaindo
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