Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

o mercado e as indústrias culturais, bem como a diminuição do potencial inovador da
produção artística quando um outro arranjo de atores sociais (investidores em arte,
conglomerados econômicos, o mercado internacional) se impõe até mesmo na determinação
do valor da criatividade cultural.
Beatriz Sarlo (2000) e Foster (1996) são intérpretes que também demonstram sua
inquietação com a aparente democratização de acesso aos bens culturais gestada no interior
dessa nova conformação institucional da esfera cultural.
Hal Foster, fortemente inspirado nas orientações marxistas da Escola de Frankfurt, vai
atribuir à referida diluição de fronteiras entre cultura erudita e popular um caráter ameaçador
à autonomia e à inventividade da criação livre do trabalho artístico. Segundo o autor, quando
a produção cultural passa a ser engendrada pela racionalidade instrumental da lógica
mercantil, em que o valor de troca acaba predominando sobre o valor de uso, os bens
culturais, por conseguinte, são digeridos como simples mercadorias.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Sarlo (2000), preocupada sobretudo com a
diluição do significado da arte, e consciente de que a dinâmica de funcionamento do processo
de produção e difusão cultural se metamorfoseou consideravelmente a partir de meados do
século XX, desconfia da ideologia libertária que subjaz à lógica do mercado de bens
simbólicos. Segundo ela, o próprio mercado também institui os seus critérios valorativos que,
por conseqüência, são igualmente excludentes. Reconhecendo que a autoridade dos
especialistas culturais foi minada diante da multiplicação de fontes de legitimidade, num
processo que acabou por instaurar uma espécie de totalitarismo democrático do gosto que
consolida a “soberania do público”, a autora vai reivindicar a retomada da discussão de
valores em torno do fato estético – debate relegado ou praticamente esquecido por aqueles
agentes que tornam possível a existência mesma da arte.
Sarlo (2000) considera que a perspectiva institucional, que orienta os pressupostos da
sociologia da cultura sobre o papel da criação artística na sociedade, contribuiu
significativamente para o reducionismo do seu próprio conceito. Numa crítica direta a
Bourdieu e à sua visão preponderantemente institucional sobre a produção artística –
perspectiva que considera a relação entre os artistas, o público e os demais agentes como
resultado de um campo de forças na luta pela consagração e legitimidade – a autora argentina
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