Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
urbano, o turismo vai atuar como importante vetor para o remapeamento <strong>na</strong> paisagem das<br />
cidades – processo hoje verifica<strong>do</strong> em diversos centros urbanos e que assi<strong>na</strong>la a relevância<br />
que as atividades terciárias vêm ocupan<strong>do</strong> no cenário econômico global.<br />
O fato de o turismo <strong>cultural</strong> representar hoje uma das ramificações <strong>do</strong> setor turístico que<br />
mais ganham destaque ilustra bem os matizes desse processo. Dadas da Organização Mundial<br />
<strong>do</strong> Turismo revelam que 53% <strong>do</strong>s milhões de turistas em circulação pelo mun<strong>do</strong> optam por<br />
destinos culturais (REIS, 2003). O coeficiente revela a faceta mais interessante desse<br />
fenômeno: o turismo <strong>cultural</strong> tor<strong>na</strong>-se o ca<strong>na</strong>l privilegia<strong>do</strong> que materializa a tendência<br />
atualmente em voga, a saber: uma demanda cada vez maior por bens imateriais, associa<strong>do</strong>s à<br />
ênfase <strong>na</strong> diferenciação simbólica, ou seja, <strong>na</strong> busca pela afirmação da identidade <strong>cultural</strong>.<br />
Dessa forma, a atividade turística voltada para o consumo <strong>cultural</strong> comparece como um<br />
veículo que evidencia o lugar central que a cultura ocupa <strong>na</strong> experiência social contemporânea<br />
como elemento media<strong>do</strong>r entre o universal e o singular, entre o global e o local.<br />
Os processos de “revitalização” <strong>do</strong>s sítios históricos <strong>do</strong>s grandes centros urbanos e a<br />
proliferação <strong>do</strong> comércio de bens simbólicos classifica<strong>do</strong>s como de produção da cultura<br />
popular, por exemplo, acabam por se constituir em sintomas dessa demanda contemporânea.<br />
Na esteira dessa corrente, singularidades e tradições <strong>do</strong>s locais são acio<strong>na</strong>das como símbolos<br />
de diferenciação, seja pelas agências estatais que implementam políticas cada vez mais<br />
sintonizadas a essa tendência, seja pelos conglomera<strong>do</strong>s econômicos ocupa<strong>do</strong>s em produzir e<br />
comercializar bens culturais, acaban<strong>do</strong> por tor<strong>na</strong>r-se fatores <strong>do</strong> próprio desenvolvimento das<br />
cidades. Na medida em que promove a inscrição das culturas tradicio<strong>na</strong>is ao circuito<br />
trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de comercialização <strong>do</strong>s bens simbólicos e de diversão, o entretenimento-turismo<br />
comparece como sistema estruturante das condições de produção e consumo de lazer,<br />
comportan<strong>do</strong>-se como esfera constitutiva da experiência <strong>cultural</strong> da condição moder<strong>na</strong><br />
(FARIAS, 2001).<br />
Como veremos mais detidamente <strong>na</strong> terceira seção, a política de modernização <strong>cultural</strong> e<br />
turística implementada pelo governo carlista <strong>na</strong> última década alinha-se a essa tendência<br />
quan<strong>do</strong>, por exemplo, promove, numa dimensão de espetacularidade, festividades como o<br />
car<strong>na</strong>val, ou ainda quan<strong>do</strong> realiza programas de revitalização de sítios históricos e de reforma<br />
50