Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

seu próprio substituto, um produto exatamente igual a qualquer um dos itens que o
constituem” (JAMESON, 2000, p.14).
Essa saturação de signos e imagens da cultura de consumo de massas, que, segundo o
autor, esvazia os significados dos bens culturais, é considerada como um vetor responsável
pela perda de autonomia parcial da esfera cultural, ou seja, pelo “apagamento da distinção
entre alta-cultura e cultura de massa” (FEATHERSTONE,1995, p.34), num movimento de
contaminação da cultura por todo o domínio social, a ponto de considerá-la como uma
“segunda natureza”. O pastiche, o simulacro, ou seja, a cópia idêntica de algo cujo original
jamais existiu, torna-se padrão, por excelência, da estética contemporânea. Em outras
palavras: numa sociedade em que o valor de troca de mercadorias se generalizou
profundamente, diluindo a lembrança do valor de uso, o pastiche, a repetição infinita de
cópias canibaliza estilos, homogeneizando a percepção sensível do homem contemporâneo. O
que subjaz a este pressuposto do autor é que a mudança para uma cultura pós-moderna aponta
para uma espécie de corrosão dos valores da alta-cultura pela reprodução de signos e imagens
da cultura de massa.
Canclini(2000) aponta para o fenômeno da perda de legitimidade das autoridades
intelectuais que embasaram o projeto emancipador da modernidade, considerando-o como um
dos paradoxos que habita no seio da sua própria dinâmica, a ponto de tornar-se um dos
indicadores da perda de validade enquanto projeto civilizador. Segundo o autor, esse
paradoxo adquire nitidez quando refletido no funcionamento da esfera cultural. A tentativa de
engendrar um projeto de emancipação da sociedade através da promoção de esferas sociais
independentes, auto-geridas por leis que lhe são imanentes, ao tempo em que é estimulado um
movimento em busca de constante renovação e inovação dos valores estéticos de sua
produção simbólica (neste sentido, a reiteração da condição áurica da obra de arte) como
forma de garantir legitimidade e distinção frente à “ameaçadora” lógica de consumo
massificado emerge como uma das contradições que a própria modernidade instaurou no
interior de suas práticas.
Nesta direção, Canclini concebe a pós-modernidade como uma maneira de
problematizar os “vínculos equívocos” que o mundo moderno armou com as tradições, que
quis excluir ou superar para constituir-se, e toma “as contradições entre as utopias de criação
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