Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
espetacular da produção <strong>cultural</strong>, não será um sintoma dessa impreg<strong>na</strong>ção? Essas são questões<br />
que permeiam a nossa investigação e que, <strong>na</strong> medida <strong>do</strong> possível, tentaremos contemplar.<br />
Sem sombra de dúvida, o desenvolvimento da cultura de consumo foi fator<br />
preponderante para o desencadear de processos sociais que alçaram a cultura a um lugar de<br />
destaque <strong>na</strong> atualidade. A oferta excessiva de bens simbólicos <strong>na</strong>s sociedades ocidentais<br />
contemporâneas, potencializada pela força mercantilista das indústrias culturais, acabou por<br />
proporcio<strong>na</strong>r uma acumulação de cultura material, que fez desestabilizar hierarquias<br />
solidificadas por regimes de significação anteriores – a exemplo das “grandes <strong>na</strong>rrativas” de<br />
caráter universalizante que marcaram a modernidade. Esse fenômeno resultou num aumento<br />
significativo de práticas sociais voltadas para atividades de consumo, lazer e entretenimento.<br />
Vistos em conjunto, to<strong>do</strong>s esses vetores parecem apontar para a relevância que a dimensão<br />
<strong>cultural</strong> ganhou <strong>na</strong> contemporaneidade, e sugerem, em última instância, um fenômeno que<br />
parece ser irrevogável: o relacio<strong>na</strong>mento cada vez mais íntimo entre economia, cultura e<br />
política, conforman<strong>do</strong>, assim, os contornos de uma experiência social pós-moder<strong>na</strong>.<br />
Frederic Jameson é um <strong>do</strong>s arautos da corrente que considera a pós-modernidade como<br />
si<strong>na</strong>l de importante mudança <strong>cultural</strong> que vem ocorren<strong>do</strong> no seio das sociedades<br />
contemporâneas ocidentais. O autor vai a<strong>na</strong>lisá-la como a <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte <strong>cultural</strong> <strong>do</strong> capitalismo<br />
tardio, sustentan<strong>do</strong> que as transformações <strong>na</strong> cultura refletem a lógica social <strong>do</strong> sistema<br />
capitalista. O autor justifica esta sua asserção ao considerar o pós-modernismo como a cultura<br />
da sociedade de consumo, <strong>na</strong> qual a superprodução de bens simbólicos, signos e imagens,<br />
atrelada à lógica mercantilista, marca o compasso frenético das transformações <strong>na</strong><br />
representação <strong>do</strong>s objetos, através da liquefação das hierarquias simbólicas, passan<strong>do</strong> a pautar<br />
as experiências e as relações sociais.<br />
Vítima da crescente industrialização da cultura, a produção simbólica, entende o autor,<br />
subordi<strong>na</strong>-se à lógica da reprodução industrial, reproduzin<strong>do</strong>, num ritmo cada vez maior,<br />
objetos culturais como se fossem merca<strong>do</strong>rias, abolin<strong>do</strong> a distinção entre imagem e realidade.<br />
Dessa forma, o papel da cultura – e por conseqüência a dilatação da sua esfera – é<br />
compreendi<strong>do</strong> por Jameson como uma profusão de bens imateriais, produzi<strong>do</strong>s pela lógica da<br />
forma de merca<strong>do</strong>ria, “em que a própria cultura se tornou um produto, o merca<strong>do</strong> tornou-se<br />
41