Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Essa breve contextualização sobre o processo de autonomização <strong>do</strong> campo da produção<br />
<strong>cultural</strong> é salutar uma vez que nos indica a sociogênese da formação e consolidação <strong>do</strong> campo<br />
artístico, levan<strong>do</strong>-nos a uma melhor consideração sobre a importância e o papel que as<br />
atividades artístico-culturais passaram a exercer <strong>na</strong>s sociedades contemporâneas. No entanto,<br />
como já mencio<strong>na</strong><strong>do</strong>, faz-se necessário compreender uma característica típica da condição<br />
“pós-moder<strong>na</strong>”, a saber: “a contradição entre as utopias de criação autônoma <strong>na</strong> cultura e a<br />
industrialização <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s simbólicos” (CANCLINI, 2000, p.29).<br />
Como defender ainda a distinção de encraves aparentemente distintos (o campo da<br />
produção restrita e o campo da grande produção), regi<strong>do</strong>s por lógicas próprias, quan<strong>do</strong> se vive<br />
um esmaecimento de fronteiras entre esses <strong>do</strong>is campos, em que signos e espaços antes<br />
considera<strong>do</strong>s típicos das elites começam a ser assimila<strong>do</strong>s por camadas populares e vice-<br />
versa? Como compreender o processo um tanto para<strong>do</strong>xal de se presenciar o acirramento da<br />
monopolização de encraves culturais autônomos em que seus especialistas parecem ganhar<br />
cada vez mais poder e ao mesmo tempo conviver com a desmonopolização da oferta de bens<br />
culturais, potencializada pelas indústrias culturais? Enfim, é preciso questio<strong>na</strong>r como se<br />
reformulam os vínculos de autonomia e dependência das atividades artístico-culturais em<br />
meio às atuais condições de produção, difusão e circulação da cultura.<br />
São essas transformações <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s simbólicos, fenômenos que alguns autores<br />
identificam como “pós-modernos” que, segun<strong>do</strong> Canclini, Bourdieu não enfrentou em seus<br />
postula<strong>do</strong>s, mas que precisam ser leva<strong>do</strong>s em consideração num estu<strong>do</strong> que pretende avaliar o<br />
papel das atividades artístico-culturais <strong>na</strong> atual configuração da sociedade contemporânea.<br />
Sen<strong>do</strong> assim, o que se pretende aqui é traçar um panorama sobre as reconfigurações<br />
institucio<strong>na</strong>is que ocorreram no âmbito da dinâmica das interdependências entre os diferentes<br />
agentes que conformam o campo <strong>cultural</strong> <strong>na</strong> dimensão <strong>do</strong> contemporâneo, buscan<strong>do</strong> dar<br />
ênfase aos seguintes aspectos: a) mudança de equilíbrio <strong>na</strong> balança de poder entre os<br />
diferentes agentes que di<strong>na</strong>mizam o funcio<strong>na</strong>mento da esfera <strong>cultural</strong>, em especial a<br />
interdependência cada vez mais íntima entre os especialistas culturais, os especialistas<br />
econômicos e as instâncias de poder, revelan<strong>do</strong> assim uma estreita aproximação entre<br />
economia, cultura e política, buscan<strong>do</strong> apreender aí os deslocamentos de poder que se<br />
39