Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

enquanto agente não somente regulador das práticas culturais mas, sobretudo, enquanto
instância definidora do modo de organização e gestão do campo cultural.
E o que dizer então da atual configuração da esfera cultural na Bahia, cujo
funcionamento é orientado preponderantemente pela lógica intrínseca ao campo da grande
produção, tendo no comércio de bens voltados ao entretenimento e ao turismo seu eixo
crucial? Lógica essa que afirma a sua legitimidade simbólica quando extrapola suas fronteiras,
afetando decisivamente outras esferas sociais como a do plano do poder? Como conceber, por
exemplo, a peculiaridade das políticas culturais implementadas pelo governo estadual baiano,
a não ser levando em consideração a premência da racionalidade das indústrias culturais no
sistema de produção cultural local, portanto, enquanto condicionante do modo de atuação do
Estado na área da cultura?
Esses são matizes de um fenômeno contemporâneo que não encontra respaldo suficiente
nos postulados do sociólogo francês (CANCLINI, 2000) e que pontuaremos na próxima
seção. Todavia, é inquestionável a rica contribuição teórica legada por Bourdieu,
principalmente no que se refere ao tema da dimensão institucional da esfera cultural. Ou seja,
quando o autor oferece um arcabouço teórico-metodológico para a compreensão do campo
cultural enquanto espaço de lutas simbólicas, originadas na rede de relações entre os agentes e
instituições na busca por consagração e legitimidade. Aliás, são categorias a serem utilizadas
nessa pesquisa quando for analisado, por exemplo, o sistema de funcionamento das leis de
incentivo à cultura em vigor no país, momento em que o Programa Estadual de Incentivo à
Cultura – Fazcultura será nosso foco de análise.
2.2 ESFERA CULTURAL NA CONTEMPORANEIDADE: PRÁTICAS, AGENTES E
INSTITUIÇÕES
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Está certo: nunca, desde a invenção da imprensa,
tantos livros foram publicados por ano, nem tantos
jornais e revistas; exceto em casos de excepcional
cegueira, como o que sofremos aqui, os meios
audiovisuais também se ocupam de escritores e
artistas. Estaremos então no melhor dos mundos?
Beatriz Sarlo,2001.