Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
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2 METAMORFOSES INSTITUCIONAIS NA ESFERA CULTURAL:<br />
NOVAS PRÁTICAS, NOVOS AGENTES<br />
O propósito que norteia a presente seção é lançar mão de alguns pressupostos<br />
conceituais, a partir de um elenco específico de autores, que sustentam a investigação sobre o<br />
lugar preponderante que as atividades voltadas para o comércio de bens simbólicos -<br />
atividades artístico-culturais, o entretenimento e o turismo - passaram a ocupar no cenário<br />
social contemporâneo. Buscaremos dar especial atenção às metamorfoses institucio<strong>na</strong>is que<br />
marcam o processo civiliza<strong>do</strong>r da modernidade tardia e às formas como essas transformações<br />
acabaram por afetar a dinâmica de funcio<strong>na</strong>mento <strong>do</strong> processo de produção, difusão e<br />
consumo <strong>do</strong>s bens culturais, conferin<strong>do</strong>, conseqüentemente, significativas alterações <strong>na</strong>s<br />
experiências e práticas culturais cotidia<strong>na</strong>s.<br />
Tal recorte conceitual se faz necessário uma vez que melhor contextualiza, em<br />
dimensões teóricas mais abrangentes, as especificidades <strong>do</strong>s fenômenos que gravitam em<br />
torno <strong>do</strong> objeto específico dessa dissertação, qual seja: o mo<strong>do</strong> peculiar como o governo<br />
estadual baiano vem instituin<strong>do</strong>, conceben<strong>do</strong> e fi<strong>na</strong>ncian<strong>do</strong> as políticas públicas para a área da<br />
cultura desde a última década. Amalgamar áreas de cultura e turismo numa única estrutura<br />
administrativa, talvez seja uma das sínteses mais evidentes da <strong>na</strong>tureza <strong>do</strong> projeto<br />
empreendi<strong>do</strong> pelo governo carlista. Apostan<strong>do</strong> <strong>na</strong> suposta “vocação” <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da <strong>Bahia</strong>, e<br />
mais precisamente da sua capital, em desenvolver sua economia baseada num modelo “pós-<br />
industrial”, a política <strong>cultural</strong> e turística concebida por este grupo político ancorou-se<br />
justamente nos pressupostos teóricos que dão estofo conceitual à tese sobre a emergência de<br />
uma sociedade pós-industrial. Esse arcabouço conceitual postula o o<strong>caso</strong> da hegemonia <strong>do</strong><br />
modelo industrial e aposta no eixo produtivo <strong>do</strong> setor de serviços (turismo, entretenimento,<br />
alta tecnologia) como alter<strong>na</strong>tiva de desenvolvimento econômico.<br />
Ancora<strong>do</strong> nesses postula<strong>do</strong>s, o grupo político lidera<strong>do</strong> por Antonio Carlos Magalhães<br />
volta à ce<strong>na</strong> política baia<strong>na</strong> no início da década de 90, deslanchan<strong>do</strong> projetos de grande<br />
visibilidade volta<strong>do</strong>s para emoldurar a <strong>Bahia</strong> como lugar vocacio<strong>na</strong><strong>do</strong> para as atividades de<br />
entretenimento e turismo. Alinhan<strong>do</strong>-se à tendência mundial de valorização <strong>do</strong> setor terciário<br />
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