Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

No que diz respeito à experiência específica do Estado da Bahia na última década,
período aqui circunscrito aos objetivos dessa dissertação, somente em 1994, na gestão do
recém eleito governador Paulo Souto, é criada uma secretaria específica para a pasta da
cultura. Em uma ação inédita no país, cultura e turismo, os principais setores de promoção e
divulgação do Estado em nível nacional e internacional, são amalgamados em uma única
secretaria revelando-se aí a estratégia e o modo de condução peculiar para a gestão da cultura
no Estado.
Ao operar através de uma estratégia política bem articulada, na qual é enfatizada a
convergência da “vocação” turística do Estado e de suas idiossincrasias culturais como vetor
de desenvolvimento, o governo estadual deu a senha de acesso, por assim dizer, para a
inserção da Bahia num circuito transnacional de entretenimento-turismo.
Com a experiência adquirida ao dirigir o órgão oficial de turismo, a Bahiatursa, o
secretário Paulo Gaudenzi, principal mentor da criação da Secretaria da Cultura e Turismo do
Estado, inaugurou um novo modelo de gestão para a cultura. Sustentado em uma estratégia
político-institucional, apimentada com alto teor de marketing, esse modelo apostou nos dois
pólos mais promissores do Estado: no seu potencial turístico e na sua peculiaridade cultural.
Dessa forma, a cultura foi apropriada como um importante “produto turístico”, tornando-se,
assim, o principal diferencial do turismo no Estado e, por sua vez, através desse canal as
práticas significativas típicas da Bahia encontraram uma importante vitrine de exposição.
Nesses termos, essa conjunção contribuiu consideravelmente para a divulgação da imagem de
uma Bahia (re)inventada em suas tradições – representação essa disseminada tanto em âmbito
nacional como internacional.
Na última década, a Bahia presenciou a consolidação de um mercado de bens e serviços
simbólicos, impulsionado sobretudo pelo caráter de espetáculo conferido às suas festas
populares (o carnaval, sobremaneira), pela eclosão da axé music (o que reflete no crescimento
da indústria fonográfica) e pelo aumento crescente da economia voltada para o lazer e o
turismo. Experimentou-se a transformação do ócio em um grande negócio. A festa e o lúdico,
embalados pela lógica mercantil, foram bem explorados por agentes (produtores, empresários
da cultura, organizações financeiras etc.) que vislumbraram no poderoso amálgama
economia-cultura o potencial de uma indústria geradora de cifras vultuosas. Acompanhando a
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