15.04.2013 Views

Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

política de incentivos acaba privilegian<strong>do</strong> produções de caráter mais comercial, capazes de<br />

“amortizar” os investimentos das empresas de forma mais imediata, acabou-se crian<strong>do</strong> uma<br />

espécie de vício por parte <strong>do</strong>s empresários em circunscrever o patrocínio a ape<strong>na</strong>s<br />

determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s gêneros culturais, devidamente assegura<strong>do</strong>s pelos incentivos fiscais concedi<strong>do</strong>s<br />

pelo governo. Essa especificidade <strong>do</strong> sistema acabou geran<strong>do</strong> um ciclo vicioso que beneficia<br />

prioritariamente produções que se alinham aos interesses merca<strong>do</strong>lógicos das empresas e<br />

realiza<strong>do</strong>res já consagra<strong>do</strong>s <strong>na</strong> ce<strong>na</strong> <strong>cultural</strong> local, justamente por portarem uma maior<br />

capacidade de assegurar em maior medida o retorno mercantil aos seus investi<strong>do</strong>res –<br />

recapitulemos aqui a relação umbilical que se estabelece, <strong>na</strong> <strong>Bahia</strong>, entre as principais<br />

empresas patroci<strong>na</strong><strong>do</strong>ras e os realiza<strong>do</strong>res mais beneficia<strong>do</strong>s com o incentivo fiscal. Some-se<br />

ainda o fato de que essa configuração acaba acirran<strong>do</strong> o grau de dependência de produções<br />

culturais não afeitas aos requisitos <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Vimos que essa não é uma conseqüência<br />

exclusiva <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> <strong>Fazcultura</strong>, apresentan<strong>do</strong>-se como uma especificidade da lógica que<br />

regula o processo de funcio<strong>na</strong>mento das leis de renúncia fiscal como um to<strong>do</strong> – e não por<br />

a<strong>caso</strong> constitui-se num <strong>do</strong>s principais fulcros de crítica por parte de especialistas culturais que<br />

não atendem aos requisitos impostos pela política de estímulo fiscal.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, ainda que a lógica <strong>do</strong> funcio<strong>na</strong>mento da lei conceda um papel chave à<br />

iniciativa privada, após a análise <strong>do</strong>s procedimentos e especificidades <strong>do</strong> programa<br />

<strong>Fazcultura</strong>, foi possível verificar que, <strong>na</strong> <strong>Bahia</strong>, o poder público também jogou papel<br />

fundamental nesse processo. A peculiaridade <strong>do</strong>s processos de julgamento, de seleção e de<br />

escalo<strong>na</strong>mento de cotas de recursos por área denota o poder simbólico que o aparato<br />

gover<strong>na</strong>mental é capaz de imprimir nesse anela<strong>do</strong> funcio<strong>na</strong>l, afetan<strong>do</strong> de forma significativa o<br />

mo<strong>do</strong> de organização <strong>do</strong> campo <strong>cultural</strong>. Mesmo admitin<strong>do</strong> que o papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> vem sen<strong>do</strong><br />

reduzi<strong>do</strong> em meio às pressões <strong>do</strong>s processos de globalização, a configuração específica,<br />

engendrada pelo mo<strong>do</strong> peculiar de gerenciamento das normas e recursos <strong>do</strong> <strong>Fazcultura</strong>,<br />

si<strong>na</strong>liza para o fato de que o poder público assume ainda um lugar fundamental nos destinos<br />

da produção <strong>cultural</strong> local – condição essa fortemente afetada pelos aportes ideológicos e<br />

pelos mo<strong>do</strong>s de condução política, característicos <strong>do</strong> grupo político <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte há quinze anos<br />

<strong>na</strong> <strong>Bahia</strong>.<br />

Infelizmente, não foi possível realizar uma investigação mais detalhada, que levasse em<br />

225

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!