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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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Seja promoven<strong>do</strong> o remapeamento <strong>na</strong> paisagem urba<strong>na</strong> da capital baia<strong>na</strong>, seja agencian<strong>do</strong> a<br />

maior festa popular <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-a merca<strong>do</strong>ria por excelência para a indústria <strong>do</strong><br />

turismo, ou ainda instituin<strong>do</strong> programas <strong>do</strong> gênero <strong>do</strong> <strong>Fazcultura</strong>, é inegável a importância da<br />

posição que o poder público local assumiu <strong>na</strong> rede funcio<strong>na</strong>l que di<strong>na</strong>miza o campo <strong>cultural</strong><br />

baiano. No entanto, essa sua atuação se dá de forma para<strong>do</strong>xal a saber: simultaneamente, ao<br />

tempo em que o governo assume um lugar crucial nessa dinâmica, é também o momento no<br />

qual se efetiva de forma significativa o processo de desregulamentação de suas funções,<br />

quan<strong>do</strong> assume, sobretu<strong>do</strong>, um papel de negocia<strong>do</strong>r, de gerente ocupa<strong>do</strong> em catalisar<br />

investimentos de outras fontes de recursos (inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, sobretu<strong>do</strong>), para serem repassa<strong>do</strong>s<br />

à sociedade. Essa tendência de diminuição da intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> pode ser medida, por<br />

exemplo, quan<strong>do</strong> o governo estadual promove programas de parceria com a iniciativa privada<br />

com vistas a repartir responsabilidades no fomento a atividades que anteriormente eram<br />

agendas quase que exclusivas de sua alçada. Essa é uma prática que vem sen<strong>do</strong> instituída de<br />

forma bastante ilustrativa no programa político da frente carlista. No âmbito <strong>do</strong> problema<br />

investiga<strong>do</strong> nessa pesquisa os programas Prodetur e <strong>Fazcultura</strong>, implanta<strong>do</strong>s pela Secretaria<br />

da Cultura e Turismo, são os exemplos mais emblemáticos dessa tendência.<br />

Vimos que a diminuição da intervenção estatal é um sintoma contemporâneo, reflexo das<br />

profundas transformações políticas econômicas e sociais que o fenômeno da globalização vem<br />

provocan<strong>do</strong> no atual arranjo societal. Essa reconfiguração afetou a autonomia <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s,<br />

exigin<strong>do</strong>-lhes um novo mo<strong>do</strong> de ingerência <strong>na</strong>s diferentes esferas da vida social, sen<strong>do</strong> a<br />

cultura uma delas. Agora, parece não haver mais terreno para uma atuação de forte teor<br />

dirigista, como assim se caracterizou o desempenho das agências estatais no Brasil há décadas<br />

atrás, até porque projetos hegemônicos e totalizantes de envergadura <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l parecem não<br />

encontrar mais ressonância num ambiente hoje marca<strong>do</strong> pelos fluxos intermitentes de capital,<br />

pessoas, signos e informações. Na trilha desse processo, o merca<strong>do</strong> emerge como um “super-<br />

ente” da modernidade tardia, revesti<strong>do</strong> <strong>do</strong> papel de agente preponderante para o<br />

desenvolvimento das sociedades, configuração essa que exigiu um teor diferencia<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />

investidura das funções <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, qual seja: uma performance menos intervencionista para<br />

dar lugar a uma atuação mais identificada enquanto agência regula<strong>do</strong>ra, que articula ações e<br />

interesses entre os diferentes agentes (governos, iniciativa privada e sociedade civil).<br />

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