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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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eprimir o patrocínio <strong>cultural</strong> aos projetos laurea<strong>do</strong>s pelo Esta<strong>do</strong>, através <strong>do</strong>s “selos de<br />

certificação”.<br />

A<strong>na</strong>lisan<strong>do</strong> um interessante <strong>do</strong>cumento intitula<strong>do</strong> “Cultura também é política” (2001),<br />

fruto de um encontro promovi<strong>do</strong>, em 2001, pelo deputa<strong>do</strong> Emiliano José, que tinha como<br />

propósito debater com realiza<strong>do</strong>res e artistas <strong>do</strong> campo <strong>cultural</strong> baiano questões referentes à<br />

política <strong>cultural</strong>, pode-se verificar o quanto os problemas aqui aponta<strong>do</strong>s, a despeito <strong>do</strong>s<br />

des<strong>do</strong>bramentos gera<strong>do</strong>s pelo uso das leis de incentivo fiscal, compareceram no discurso<br />

desses agentes. Como a racio<strong>na</strong>lidade que orienta essas leis tem basicamente o mesmo<br />

princípio (sejam elas federais, estaduais ou municipais), pode-se admitir que as limitações por<br />

elas ocasio<strong>na</strong>das não variam muito. Após leitura exaustiva de textos exploratórios sobre a<br />

questão <strong>do</strong> mecanismo de fi<strong>na</strong>nciamento regi<strong>do</strong> pelas leis de incentivo fiscal foi possível<br />

identificar as similaridades <strong>do</strong>s discursos de artistas, produtores e agentes envolvi<strong>do</strong>s nesse<br />

sistema, não importan<strong>do</strong> a esfera à qual as leis estejam vinculadas.<br />

No plano local, toman<strong>do</strong> como referência o <strong>do</strong>cumento origi<strong>na</strong><strong>do</strong> pelo encontro<br />

promovi<strong>do</strong> pelo deputa<strong>do</strong> Emiliano José, pôde-se verificar que o teor das insatisfações<br />

manifestadas pelos agentes culturais presentes no debate referia-se basicamente à<br />

pre<strong>do</strong>minância de uma política “mercantilista” (termo recorrente no debate), ocasio<strong>na</strong>da pela<br />

preponderância que as leis de incentivo vêm ganhan<strong>do</strong> no panorama <strong>cultural</strong> local. A<br />

“queixa” mais recorrente diz respeito justamente à questão levantada nessa pesquisa, qual<br />

seja: o deslocamento <strong>na</strong>s linhas de coman<strong>do</strong> da gestão <strong>do</strong> campo <strong>cultural</strong>, <strong>na</strong> medida em que<br />

são as empresas (e mais precisamente os seus setores de marketing) os agentes decisivos<br />

sobre os destinos da produção <strong>cultural</strong>. É quase unânime a posição de que tal mo<strong>do</strong> de<br />

organização acaba por favorecer o fomento de uma produção mais identificada ao circuito<br />

comercial. Nesse senti<strong>do</strong>, foi possível detectar uma certa preocupação desses agentes em<br />

distinguir o bem <strong>cultural</strong> de uma simples merca<strong>do</strong>ria como forma de reivindicar um outro<br />

mo<strong>do</strong> de atuação política no tratamento com os assuntos da cultura. O depoimento de uma<br />

atriz baia<strong>na</strong> ao comentar sobre suas opções para produzir uma peça teatral que vinha<br />

empreenden<strong>do</strong> <strong>na</strong> época é sintomático dessa inquietação:<br />

213<br />

Eu não quero patrocínio pelo <strong>Fazcultura</strong>. Como eu vou fazer essa peça, eu<br />

não sei. Mas eu não quero ir por essa via, porque eu não quero estar<br />

mendigan<strong>do</strong>, corren<strong>do</strong> o chapéu, ou ten<strong>do</strong> que fazer um produto que eu<br />

ache que vá ser interessante para empresa tal e aí a empresa vai patroci<strong>na</strong>r o

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