Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

Idiossincrasia que denota que os profissionais do setor artístico-cultural devem também portar
competências mais específicas como por exemplo, tornar-se um especialista nas estratégias de
marketing que orientam os investimentos empresariais. Indicador da inteligibilidade que
norteia esse processo é o fato de que a decisão do investimento em um projeto cultural venha
a recair, na maioria das vezes, nas mãos das agências de publicidade e propaganda que
atendem às grandes empresas. Afinal, elas são portadoras de conhecimento profundo sobre as
estratégias de comunicação das potenciais empresas patrocinadoras, portanto dotadas de
competência capaz de definir a pertinência e o possível retorno do investimento em patrocínio
cultural e o relacionamento com seu público-alvo.
Como no resto do país, grande parte desse elenco de limitações é também sentida pela
produção cultural local a partir das regras e normas que regulam o funcionamento do
Fazcultura. Na Bahia, a questão se agrava, ao se considerar a elevada demanda por
financiamento à atividade cultural em oposição ao reduzido grupo de empresas
patrocinadoras. Dos 4.247 projetos inscritos no programa durante o período que vai de 1997 a
2002, apenas 768 obtiveram patrocínios. Ou seja, 3.479 projetos culturais deixaram de ser
realizados seja porque não foram aprovados pela Comissão Gerenciadora do programa, seja
porque não lograram êxito na difícil tarefa de busca por um patrocinador, ou ainda, porque a
cota de renúncia fiscal destinada ao programa se esgotara antes mesmo da consecução de um
patrocinador.
Após a análise das relações de projetos patrocinados pelo Fazcultura entre 1997 e 2002,
foi possível perceber que muitos dos projetos incentivados pela lei estadual são de artistas e
produtores que têm seus nomes já consolidados na cena artístico-cultural local, tecendo-se
assim uma cadeia de (inter)dependência entre determinadas produções/proponentes e seus
respectivos mecenas. As organizações investidoras também têm suas preferências e não
querem arriscar sua imagem ao patrocinar eventos que não lhes garanta visibilidade e
repercussão, já que o interesse que lhes guiam é o reforço de imagem institucional e a mais-
valia que decorrerá dessa estratégia de marketing. Desse modo, é interessante notar que ao
longo do tempo vão se estabelecendo profícuas e fiéis parcerias que acabam revelando as duas
faces dessa poderosa moeda que hoje é a lei de incentivo fiscal, a saber: se por um lado, essa
contigüidade proporciona a manutenção mais longeva de determinados grupos e/ou espaços
culturais, garantindo assim o fortalecimento de uma ação cultural mais duradoura e
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