Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

produções incentivadas pelo Fazcultura sejam estabelecidas pela Comissão Gerenciadora do
programa, como prevê a Resolução nº 474/2003, já são indícios de um acesso mais
democratizado aos bens culturais. No entanto, caso não seja acionado um dispositivo eficaz de
acompanhamento dos projetos realizados, corre-se o risco de instituir-se uma política de
eventos, aqui entendida à luz da formulação de Coelho (1999, p.300), como “um conjunto de
programas isolados – que não configuram um sistema, não se ligam necessariamente a
programas anteriores nem lançam pontes necessárias para programas futuros – constituídos
por eventos soltos uns em relação aos outros”. Ou seja, acaba-se instituindo um sistema de
produção cultural pontuado por uma série de iniciativas desconectadas entre si, conformando
um modo de intervenção pouco efetivo, porque frágil em seu grau de articulação. Possibilitar
a realização de inúmeros projetos de natureza diferente, sem arquitetar meios e mecanismos
de distribuição, comercialização e acesso aos bens culturais incentivados a um público maior
ameniza o seu efeito multiplicador.
Não se pode negar a relevância da realização de um projeto cultural num país em que
são parcas as oportunidades e, principalmente, os recursos para a área da cultura. Contudo, na
maioria das vezes, a depender da natureza da obra ou do projeto realizado, seu acesso
restringe-se a um pequeno círculo de potenciais fruidores, espectadores ou consumidores do
bem cultural. Esse contexto faz suscitar indagações como a de Danilo Miranda (2003, p.40),
diretor regional do Sesc-SP: “Os recursos públicos (...) advindos de renúncias fiscais têm sido
usados para facilitar o acesso de segmentos excluídos ou têm sido empregados na burocracia e
junto aos públicos mais privilegiados?”. Caso não seja articulado a um sistema mais
complexo de escoamento dos projetos incentivados pelo programa, é bem provável que o
dinheiro público restrinja-se a produções que nem sequer serão conhecidas por um público
mais amplo – o mecenas, de fato, desses projetos.
5.1.5 Perfil dos investimentos – um possível indicador dos rumos da produção cultural
baiana após o advento do Fazcultura
Após o levantamento e o tratamento dos dados fornecidos pela Secretaria da Cultura e
Turismo foi possível mapear com maior grau de minúcia o desempenho do Fazcultura no que
se refere ao perfil dos investimentos realizados. Buscamos através da sistematização e
posterior análise dos referidos dados avaliar a evolução do desempenho das sete áreas de
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