Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

metamorfoses nas práticas, nas estruturas discursivas e de sentimento dos agentes e
especialistas envolvidos na cadeia de interdependências funcionais que enredam a esfera
cultural na dimensão do contemporâneo. Para tanto, foi necessário antes precisar
conceitualmente o processo de autonomização do campo cultural, buscando compreender
como ele adquire o status de um campo social autônomo, constituído por uma lógica e agentes
específicos. Como não poderia deixar de ser, tomamos como referência o empreendimento
teórico de Pierre Bourdieu acerca desse fenômeno a partir de obras tais como, “Razões
práticas” (1996b), “Economia das trocas simbólicas” (2001) e “As regras da arte”(1996a).
Com o intuito de compreender as profundas transformações que vêm ocorrendo nas práticas
culturais, políticas e econômicas que atingem as sociedades desde a década de 70, quando se
começa a experimentar a emergência da acumulação flexível do capital bem como as novas
formas de apreensão do tempo e do espaço através das novas tecnologias de comunicação e
informação, lançamos mão dos pressupostos teóricos de alguns autores ocupados em
interpretar a natureza dessas transformações socioculturais. Entre esses autores foram eleitos
para essa pesquisa, mais especificamente David Harvey(1993), Anthony Giddens (1999),
Andréas Huyssen (1997), Frederic Jameson (2000), Mike Featherstone (1995, 1997), Néstor
Garcia Canclini (1999, 2001, 2003) e Beatriz Sarlo (2000).
Numa tentativa de síntese de apreensão desse feixe de fenômenos que vem afetando o
ordenamento social nas últimas décadas, diferentes foram os termos cunhados por esses
autores com o objetivo de designar esse complexo processo de mudanças: “pós-
modernidade”, “modernidade tardia”, “modernidade reflexiva”. Esses são alguns dos
exemplos do exercício de teorização empreendidos por pensadores que buscam a
compreensão de mudanças culturais fundamentais associadas à crescente importância da
cultura nas sociedades ocidentais contemporâneas. A passagem de uma organização mundial
baseada na integridade dos Estados-nação para um estágio de articulação transnacional das
unidades de produção, circulação e consumo de bens simbólicos e o predomínio de uma
racionalidade industrial na produção e difusão desses bens facultaram um reordenamento da
esfera cultural. O fenômeno da expansão da produção cultural via indústrias culturais
contribuiu para a difusão da cultura para um público cada vez mais amplo e isso vem
ocorrendo paralelamente ao crescimento da autonomia de encraves culturais específicos e do
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