Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

precisamente o seu modo de atuação. Se antes as intervenções do Estado na seara da cultura
eram motivadas pela construção de projetos políticos hegemônicos, a partir da década de 70 o
élan que move o poder público a investir e fomentar a cultura se referenda na sua dimensão
econômica e mercadológica. Uma tendência exacerbada ao longo das décadas seguintes e que
chega à década de 90 em sua versão mais acirrada, porque agora, mais do que qualquer outro
momento, o Estado também orienta suas políticas culturais pela lógica mercantilista que
sustenta a poderosa indústria do lazer. Indagamos, então: o princípio que orienta as leis de
incentivos culturais, por exemplo, não aponta para uma alta dose de impregnação da
racionalidade da grande produção nas políticas públicas de cultura?
Com a consolidação das leis de estímulo fiscal, é possível perceber que o perfil do
patrocínio privado começa a ocupar espaços antes quase que exclusivos do mecenato estatal.
Empresas privadas passam a incentivar projetos voltados para a recuperação do patrimônio
histórico, apóiam companhias de dança e de teatro, promovem gigantescas bienais de artes,
enfim começam a adentrar num campo, no qual, historicamente, no Brasil, a iniciativa
governamental foi, por longo período, a garantia quase que exclusiva para a produção e
difusão cultural no país. No entanto, cabe ressaltar, o setor empresarial adentra no campo
cultural parametrado sobretudo pela premissa mercantil imanente ao sistema da produção
cultural voltado para o consumo ampliado.
Na década de 90, experimenta-se uma crescente utilização do marketing cultural pelas
organizações como ferramenta de comunicação empresarial, que conjugada à intensificação
de conceitos de responsabilidade social e cidadania empresarial tornam-se um composto
promocional ideal para o incentivo à cultura. Além da busca por capital simbólico que lhe
garanta prestígios e melhora na imagem corporativa, ao patrocinarem artístico-culturais as
empresas procuram alcançar uma maior audiência, combinando o modelo tradicional de
mecenato a investimentos conjuntos na área dos meios de comunicação de massa. Dessa
forma, a produção cultural mais elitizada, agora apropriada pela indústria cultural, espraia-se e
atinge um público cada vez maior. Não é à toa que grandes empresas – principalmente
aquelas que tem sua principal atividade desvinculada da área cultural, como é o caso das
agências financeiras – hoje possuem seus próprios museus, teatros e fundações de fomento à
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