Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>na</strong> seara <strong>cultural</strong> – é bem verdade, que a presença <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> é mais forte e sistemática nesse<br />
segmento –, ao implementar o Programa <strong>Fazcultura</strong>.<br />
Como se pode constatar, as teias que enredam a atual configuração da pasta dedicada à<br />
cultura e turismo <strong>na</strong> <strong>Bahia</strong> vêm sen<strong>do</strong> urdidas desde há muito, fato que fez deflagrar a<br />
peculiaridade <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de gestão desse grupo que hoje comanda o cenário político local. A<br />
figura de Paulo Gaudenzi representa o perfil <strong>do</strong> intelectual que condensa as prerrogativas<br />
exigidas aos tecnocratas que compõem a moder<strong>na</strong> máqui<strong>na</strong> administrativa <strong>do</strong> executivo<br />
baiano: o de homem público, porém <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de caráter empreende<strong>do</strong>r, comprova<strong>do</strong> pela<br />
eficiência em captar e gerir recursos mobiliza<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s esferas extra-gover<strong>na</strong>mentais (seja no<br />
setor empresarial ou através de organismos translaterais de fi<strong>na</strong>nciamento). Logo, profissio<strong>na</strong>l<br />
condizente com a lógica liberal que orienta a atuação da gestão carlista. Além de cumprir os<br />
requisitos <strong>do</strong> perfil empreende<strong>do</strong>r exigi<strong>do</strong> pelo aparato burocrático local – conduta que<br />
favorece o e<strong>na</strong>ltecimento da dimensão econômica da cultura –, Paulo Gaudenzi atua também<br />
como um decisivo artífice <strong>na</strong> tarefa de tecer, oficialmente, a engenhosa interseção entre<br />
cultura e turismo, ten<strong>do</strong> <strong>na</strong> reelaboração <strong>do</strong> discurso em torno da identidade baia<strong>na</strong>, um<br />
dispositivo simbólico capaz de soldar tal convergência.<br />
4.3.2 Concepção de política <strong>cultural</strong> da Secretaria da Cultura e Turismo.<br />
Apesar <strong>do</strong> enlace cultura-turismo datar de há, pelo menos, 30 anos, quan<strong>do</strong> foi fundada<br />
a <strong>Bahia</strong>tursa, órgão responsável por estimular alianças e ações conjuntas entre cultura e<br />
turismo, o fato de consubstancializar duas áreas aparentemente díspares em seus propósitos<br />
numa mesma estrutura administrativa, não se configurava num truísmo, principalmente para a<br />
comunidade artístico-<strong>cultural</strong>.<br />
Ainda que a criação da secretaria tenha si<strong>do</strong> uma manobra preponderantemente político-<br />
institucio<strong>na</strong>l, gestada nos bureaus oficiais, pautada em decisões políticas, sem constituir-se<br />
numa reivindicação da comunidade artística, nem mesmo fruto de uma prévia interlocução<br />
com a mesma, percebe-se, no projeto conceitual da sua criação, um claro esforço da elite<br />
dirigente <strong>do</strong> governo em formular questões e possíveis respostas ao desafio inédito de unir<br />
turismo e cultura numa pasta unitária.<br />
144