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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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Souto se desincompatibiliza, deixan<strong>do</strong> esse cargo para lançar-se à candidato a gover<strong>na</strong><strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong>, em 1994.<br />

Em 1995, quan<strong>do</strong> foi criada a atual Secretaria da Cultura e Turismo, assume o posto de<br />

Secretário da pasta, situação que viria a se repetir por mais <strong>do</strong>is ciclos seguintes (1999-2002;<br />

2003 até o presente momento). A indicação <strong>do</strong> nome de Gaudenzi para esse cargo é um outro<br />

fator que também deixa transparecer a posição menos destacada para os assuntos da cultura.<br />

Ele é um homem identifica<strong>do</strong> à gestão <strong>do</strong> turismo – apesar de que <strong>na</strong> esfera <strong>do</strong> poder público<br />

local essas áreas tenham si<strong>do</strong> mescladas, como vimos –, portanto um tecnocrata, não<br />

originário das elites intelectuais e artísticas <strong>do</strong> campo <strong>cultural</strong>, como, via de regra, costumam<br />

ser nomea<strong>do</strong>s os gestores desti<strong>na</strong><strong>do</strong>s a cuidar da cultura como objeto de administração pública<br />

<strong>na</strong> história política <strong>do</strong> Brasil. Um “neófito”, um “operário da cultura”, foi assim que o próprio<br />

secretário se definiu no seu discurso ao receber o título de Membro Benemérito da Academia<br />

de Letras da <strong>Bahia</strong> em 2000 (GAUDENZI, 2000c), num exercício de auto-avaliação <strong>do</strong> seu<br />

desempenho durante seu primeiro ciclo como secretário da pasta da cultura.<br />

Aliás, tal denomi<strong>na</strong>ção assemelha-se à tipologia de intelectuais elaborada pelo cientista<br />

político Norberto Bobbio ao separar os intelectuais conserva<strong>do</strong>res e técnicos culturais em <strong>do</strong>is<br />

tipos de intelectuais: os “ideólogos” e os “expertos”. Aos primeiros caberia o papel de<br />

legitimar as ações estatais em conformidade com os princípios “guia<strong>do</strong>res” da <strong>na</strong>ção, já aos<br />

segun<strong>do</strong>s caberia racio<strong>na</strong>lizar as ações, indican<strong>do</strong> os meios mais adequa<strong>do</strong>s pra se chegar ao<br />

fim (BOBBIO apud BARBALHO, 1998, p.70). Ora, neste senti<strong>do</strong>, o perfil de Paulo Gaudenzi<br />

se aproxima mais <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> tipo e está perfeitamente sintoniza<strong>do</strong> com o modelo de gestão<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo governo estadual, em que a capacidade gerencial e uma certa visão empresarial<br />

são pré-requisitos essenciais para a ocupação <strong>do</strong>s cargos públicos que compõem a máqui<strong>na</strong><br />

administrativa estatal, gerida sob os auspícios da frente carlista. Mais <strong>do</strong> que um intelectual, é<br />

necessário ser, antes de tu<strong>do</strong>, um “empreende<strong>do</strong>r”, capaz de atrair recursos vultuosos – veja-<br />

se o exemplo <strong>do</strong> Prodetur – e proporcio<strong>na</strong>r a auto-sustentabilidade <strong>do</strong>s segmentos produtivos,<br />

num compasso alinha<strong>do</strong> aos pressupostos de teor liberalizante que orientam a retirada gradual<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da ce<strong>na</strong> pública para conceder maior espaço de intervenção à iniciativa privada.<br />

Essa lógica também vai orientar não só as intervenções <strong>na</strong> gestão <strong>do</strong> turismo, como também<br />

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