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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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Nesta direção, o governo da <strong>Bahia</strong> alinha-se à corrente contemporânea de<br />

“revitalização” de espaços centrais das cidades, conforman<strong>do</strong>-se assim aos ditames de<br />

racio<strong>na</strong>lização urba<strong>na</strong> pra fins de turismo e consumo <strong>cultural</strong> (principalmente volta<strong>do</strong>s apara a<br />

nova classe média), apontan<strong>do</strong> para a tendência “pós-moder<strong>na</strong>” de reorde<strong>na</strong>mento da<br />

paisagem urba<strong>na</strong> que tem entre os seus princípios a afirmação “de uma base mais ampla para<br />

o eterno numa visão construída da continuidade histórica e da memória coletiva” (HARVEY,<br />

1993, p. 69). Ora, nesse senti<strong>do</strong>, o Pelourinho se tor<strong>na</strong> o locus privilegia<strong>do</strong> para a realização<br />

desse projeto, pois amalgama a “possível” perpetuidade <strong>do</strong> tempo e <strong>do</strong> espaço, através da<br />

conservação <strong>do</strong> seu patrimônio histórico, bem como evoca, em virtude <strong>do</strong> imaginário que<br />

permeia aquele espaço, os principais signos instituintes <strong>do</strong> “texto identitário” da baianidade.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, havia ali uma série de elementos que iam de encontro ao projeto político<br />

idealiza<strong>do</strong> pelo grupo carlista, a saber: transformar o Pelourinho em centro de entretenimento<br />

e turismo, alinha<strong>do</strong> aos ditames <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>cultural</strong> global, ten<strong>do</strong> no apelo aos estereótipos<br />

da cultura africa<strong>na</strong> que permeia a história <strong>do</strong> lugar o elemento de diferenciação simbólica que<br />

o tor<strong>na</strong>va atrativo para fins de turismo, lazer e consumo <strong>cultural</strong>.<br />

Através de uma intervenção bastante criticada (seja pelos setores da oposição ou pela<br />

classe de intelectuais e artistas), num processo de assepsia urba<strong>na</strong> que proporcionou a retirada<br />

de 525 famílias (de níveis socioeconômicos baixíssimos), o governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> promoveu<br />

desse mo<strong>do</strong> a “limpeza” necessária à instalação <strong>do</strong> sofistica<strong>do</strong> centro comercial e de<br />

entretenimento que o Pelourinho viria a se tor<strong>na</strong>r. A corriqueira prática de concessão de<br />

generosos incentivos fiscais e empréstimos foi acio<strong>na</strong>da mais uma vez de mo<strong>do</strong> a tor<strong>na</strong>r<br />

possível a instalação das empresas e estabelecimentos comerciais – voltadas principalmente<br />

para a exploração de atividades ligadas ao consumo <strong>cultural</strong> e ao entretenimento – que viriam<br />

a desenvolver as suas atividades nesse novo espaço que se reinventava para a cidade. Como<br />

resulta<strong>do</strong> dessa política, 15 quarteirões foram re-urbaniza<strong>do</strong>s e 296 casarões coloniais foram<br />

restaura<strong>do</strong>s, dan<strong>do</strong> suporte a uma espécie de “arquitetura <strong>do</strong> espetáculo, com sua sensação de<br />

brilho superficial e de prazer participativo transitório, de exibição e de efemeridade, de<br />

jouissance, [que] se tornou essencial para o sucesso de um projeto dessa <strong>na</strong>tureza”<br />

(HARVEY, 1993, p.91).<br />

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