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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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tor<strong>na</strong>r o ponto culmi<strong>na</strong>nte da interseção entre cultura e turismo – fórmula cara ao modelo de<br />

gestão a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo grupo carlista desde a década de 70. Num poderoso efeito demonstração é<br />

inicia<strong>do</strong> em 1991 o polêmico processo de revitalização desse recanto histórico da cidade de<br />

Salva<strong>do</strong>r, como que a marcar o compasso <strong>do</strong> ambicioso projeto de desenvolvimento turístico<br />

e <strong>cultural</strong> idealiza<strong>do</strong> pela frente carlista, que a partir de então ressurgia em sua “performance<br />

de fênix” (DANTAS NETO apud RUBIM, 2001, p. 15) de forma a demarcar um longo<br />

perío<strong>do</strong> de continuidade administrativa que a <strong>Bahia</strong> vem presenciar desde a década de 90.<br />

A eleição <strong>do</strong> Pelourinho como sítio de intervenção <strong>do</strong> poder local é emblemática, pois<br />

coadu<strong>na</strong> num único espaço diversos elementos simbólicos e materiais, úteis aos objetivos <strong>do</strong><br />

programa empreendi<strong>do</strong> pelo grupo carlista. Ali, um secular conjunto de casarios coloniais,<br />

tomba<strong>do</strong> pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade em 1985, amalgama<strong>do</strong>s ao<br />

imaginário que gravitava em torno daquele espaço – seja identifica<strong>do</strong> como palco da<br />

colonização africa<strong>na</strong> no Brasil, seja pela mitologia criada em torno <strong>do</strong>s boêmios perso<strong>na</strong>gens<br />

de Jorge Ama<strong>do</strong> que por ali fla<strong>na</strong>vam como que sintetiza valores e tor<strong>na</strong>-se alvo ideal de<br />

intervenções gover<strong>na</strong>mentais perfeitamente alinha<strong>do</strong>s à onda de processos de gentrification.<br />

Esse processo, que ganha corpo desde as décadas de 70 e 80 em cidades européias e<br />

america<strong>na</strong>s, diz respeito à tendência contemporânea de protagonismo <strong>do</strong> urbano, fruto da<br />

desindustrialização das cidades e da conseqüente perda de di<strong>na</strong>mismo econômico de<br />

determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s espaços urbanos. Na esteira dessas transformações sócio-espaciais, áreas<br />

centrais e portuárias <strong>do</strong>s grandes centros urbanos vão sen<strong>do</strong> “revitalizadas” e “enobrecidas”<br />

de mo<strong>do</strong> a serem reocupadas pelas novas classes médias e transformadas em sofistica<strong>do</strong>s<br />

centros de consumo <strong>cultural</strong> e turístico. Forja-se, desse mo<strong>do</strong>, a tendência global de<br />

“exacerbação das especializações produtivas no nível <strong>do</strong> espaço” (SANTOS apud DIAS,<br />

2002, p.35). Como esclarece Featherstone:<br />

128<br />

Sob condições globais de competição intensificada com a liberação das<br />

forças <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> para investimentos e fluxos de capital, as cidades<br />

tor<strong>na</strong>ram-se mais empresariais e mais conscientes de sua própria imagem,<br />

inclusive <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s como essa imagem se traduz <strong>na</strong> geração de empregos<br />

para a economia local. Como disse Harvey (1988), as cidades precisam<br />

mobilizar a cultura para se transformarem em ‘iscas para o capital’<br />

(FEATHERSTONE, 1995, p.149).

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