Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
acumulação capitalista, específica da sociedade de consumi<strong>do</strong>res, ao fenômeno da<br />
“mercantilização da alteridade” ou espetacularização da diferença e que se tor<strong>na</strong> essencial<br />
para a dinâmica que move a indústria <strong>do</strong> turismo em escala global (MOURA, 2002).<br />
Apontan<strong>do</strong> para os contornos desse fenômeno a partir da temática acerca da construção da<br />
imagem da cidade de Salva<strong>do</strong>r, e em última instância, da formulação de uma identidade<br />
baia<strong>na</strong> em diferentes momentos sócio-históricos e em muitos car<strong>na</strong>vais, o sociólogo baiano<br />
Milton Moura conclui acerca da chegada ao século XXI:<br />
126<br />
Na era da globalização a cidade <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r, que nunca se especializou em<br />
produzir merca<strong>do</strong>ria alguma por muito tempo, tor<strong>na</strong>-se ela própria<br />
merca<strong>do</strong>ria, enquanto representação de uma coreografia entre mun<strong>do</strong>s. O<br />
que se coloca no tabuleiro da baia<strong>na</strong> é representação de uma cidade como<br />
ensaio de convivência étnica excitante, prazerosa e integra<strong>do</strong>ra (MOURA,<br />
1998, p.32).<br />
Sintoniza<strong>do</strong> com essa tendência, o governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> vai comparecer como agente<br />
fundamental <strong>na</strong> “reinvenção” e no redimensio<strong>na</strong>mento das matrizes culturais que compõem a<br />
identidade baia<strong>na</strong> e que, por sua vez, dão cor diferenciada ao “Produto <strong>Bahia</strong>” – produto esse<br />
arquiteta<strong>do</strong> para compor as prateleiras <strong>do</strong> espesso e amorfo (super)merca<strong>do</strong> de bens<br />
simbólicos de forma a inserir-se no circuito de comércio que produz e difunde esses mesmos<br />
bens em escala mundial.<br />
Sob essa lógica, a economia <strong>do</strong> lúdico tor<strong>na</strong>-se um mecanismo institucio<strong>na</strong>l fundamental<br />
para a compreensão <strong>do</strong>s agenciamentos que se dão em torno da elaboração da <strong>Bahia</strong><br />
identificada como produto merca<strong>do</strong>lógico, desti<strong>na</strong><strong>do</strong> às trocas simbólicas. Isso porque,<br />
imbuí<strong>do</strong> <strong>na</strong> dinâmica da sociedade de consumi<strong>do</strong>res e media<strong>do</strong> pela gigantesca dimensão que<br />
o merca<strong>do</strong> <strong>cultural</strong> adquiriu <strong>na</strong> contemporaneidade, o entretenimento se apresenta como “um<br />
mecanismo de consagração e instância de legitimidade das práticas culturais” (FARIAS,<br />
2001, p.96).<br />
A transformação da <strong>Bahia</strong>, e principalmente de Salva<strong>do</strong>r, num espaço prioritariamente<br />
relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> ao consumo <strong>do</strong> lazer e <strong>do</strong> entretenimento, experimentada mais enfaticamente<br />
desde o inicio da década de 90, deveu-se em grande medida ao empenho <strong>do</strong> governo estadual<br />
em articular <strong>na</strong> sua política de turismo e cultura a elaboração de um topos fortemente<br />
ancora<strong>do</strong> <strong>na</strong> mercantilização <strong>cultural</strong>. Institucio<strong>na</strong>lmente, essa estratégia ganha mais