Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

principalmente no ramo da hotelaria e de lazer, fazendo nascer complexos turísticos e de
entretenimento como o Costa de Sauípe e o Aeroclube Plaza Show. No período entre 1991 a
1998, o Prodetur-Bahia envolveu elevadas cifras segundo as palavras do próprio secretário
Paulo Gaudenzi (1999, p.123): “o investimento público já ultrapassou 1,1 bilhão de dólares e
o investimento privado é superior a esse montante, na proporção de 1.0 dólar do setor púbico
para 1.1 dólar da iniciativa privada” .
Diante desse panorama, é factível reconhecer que a Bahia experimenta um novo ciclo de
desenvolvimento do turismo, pautado numa estratégia de revisão mesma do seu papel no
âmbito do alcance de sua intervenção. Adotando um novo modelo de gestão (de fortes
aspectos liberalizantes), o governo do estado concede à iniciativa privada um amplo espaço
de atuação, dividindo com essa esfera a responsabilidade pelo desenvolvimento do turismo no
Estado.
Levado adiante pela continuidade administrativa da gestão estadual, o plano de fomento
do turismo, idealizado ainda no governo do Senador Antonio Carlos Magalhães (1991-1994),
consubstanciou-se durante toda a década de 90, fazendo a Bahia alcançar o segundo lugar no
ranking nacional, referente ao número de visitantes 11 . Ainda que tenha gerado considerável
impacto socioeconômico para o Estado, o Prodetur-NE não deixou de suscitar críticas no que
se refere ao seu modelo neoliberal de financiamento, pois acabou gerando endividamento para
os estados envolvidos, além de não ter permitido uma distribuição de renda para a população
local, gerada pelas inversões do programa na região nordeste (QUEIROZ, 2002).
No entanto, o mais heurístico de todo esse panorama revela-se na intensificação do
processo de modernização turística e também cultural ao qual o governo local se alinhou tão
ciosamente e adotou-o como caminho prioritário de desenvolvimento do Estado, de modo a
configurar a cidade de Salvador como um locus privilegiado para o comércio de signos e
imagens. Processo tipicamente contemporâneo que permite a conjunção da lógica de
11 Conforme assinala Farias(2001, p. 249), “Segundo dados referentes a 1993, durante todo esse ano Salvador
recebeu dois milhões e 400 mil turistas e foi gerada uma receita de 450 milhões de dólares. No verão de 1994 o
número subiu para um milhão e 500 mil turistas e a receita ficou em torno de US$ 254 milhões. A meta do
governo estadual, tendo em vista o potencial ainda não explorado, é atingir os quatro milhões desses visitantes,
proporcionando um ganho de U$S 1 bilhão. (...) Em 1997, por exemplo, [o Estado] atraiu uma totalidade de três
milhões de turistas, situando-se abaixo apenas do Rio de Janeiro(com quatro milhões)”.
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