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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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combi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> turismo, atividade imobiliárias e setor <strong>cultural</strong>, com atuação<br />

aguda <strong>na</strong> valoração <strong>do</strong> que passa a ser considera<strong>do</strong> recursos ao redesenho da<br />

paisagem urba<strong>na</strong> (…) O resulta<strong>do</strong> é um descolamento das áreas eleitas da<br />

geografia da cidade e sua incorporação num mapeamento outro que as<br />

aproxima mais <strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e mundial, enquanto área temática de<br />

entretenimento e turismo (FARIAS, 2001, p.240-241).<br />

Um outro aspecto a ser mencio<strong>na</strong><strong>do</strong> nesse momento e que interessa mais<br />

especificamente aos objetivos desse trabalho, diz respeito ao florescimento de uma agressiva<br />

estratégia de divulgação <strong>do</strong> turismo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, agora sintonizada com uma promissora fatia<br />

de segmentação <strong>do</strong> setor, a saber: o turismo histórico-<strong>cultural</strong>. Essa é uma tática de promoção<br />

das “vocações” turísticas e culturais da <strong>Bahia</strong>, que aposta <strong>na</strong> celebração de uma presumível<br />

singularidade baia<strong>na</strong> como elemento de diferenciação simbólica. Curiosamente, essa<br />

estrtaégia servirá de fio-condutor que vai nortear as intervenções estaduais <strong>na</strong>s áreas <strong>do</strong><br />

turismo e cultura ao longo das sucessivas gestões <strong>do</strong> grupo lidera<strong>do</strong> por Antonio Carlos<br />

Magalhães, ten<strong>do</strong> <strong>na</strong> figura de Paulo Gaudenzi a espécie de mentor ou ideólogo dessa<br />

conjunção entre turismo, cultura e baianidade (RUBIM, 2001).<br />

Germi<strong>na</strong>-se dessa forma a característica que irá marcar fortemente a atuação da<br />

<strong>Bahia</strong>tursa no decorrer <strong>do</strong>s seus trinta anos de existência: o fomento de uma estratégia de<br />

promoção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> que busca explorar seu potencial turístico através de uma <strong>na</strong>rrativa que<br />

realça os aspectos telúricos de uma terra “agraciada” por um rico patrimônio <strong>na</strong>tural e por<br />

uma cultura “singular”, tecida <strong>na</strong> sua complexidade por um mosaico de manifestações<br />

artísticas e religiosas, resulta<strong>do</strong>s da mistura de matrizes étnicas diferentes – principalmente<br />

aquela de origem afro-descendente. Compõem-se aí os principais ícones da cultura baia<strong>na</strong>,<br />

apropria<strong>do</strong>s e re-elabora<strong>do</strong>s pelo poder local para formular o discurso em torno <strong>do</strong> “texto<br />

identitário” da baianidade 3 . Um discurso que “apresenta a <strong>Bahia</strong> como sede da fruição tropical<br />

3 Foge aos objetivos desse trabalho aprofundar a discussão em relação ao conceito de baianidade. Pretende-se,<br />

aqui, sublinhar como esse texto identitário – “o anúncio explícito <strong>do</strong> perfil de um sujeito, seja um modesto<br />

indivíduo, seja uma sociedade de milhões deles” (MOURA, 2001, p.7) – vem sen<strong>do</strong> apropria<strong>do</strong> pelo discurso<br />

oficial <strong>do</strong> poder público local em suas políticas estaduais de cultura e turismo, constituin<strong>do</strong>-se, por sua vez,<br />

numa poderosa estratégia de construção da representação da diferença como motivação para o consumo turístico,<br />

<strong>cultural</strong> e de entretenimento. Diversos antropólogos, historia<strong>do</strong>res e cientistas sociais baianos já se ocuparam<br />

dessa tarefa ao proporem uma multiplicidade de interpretações e enuncia<strong>do</strong>s sofistica<strong>do</strong>s sobre uma possível<br />

identidade baia<strong>na</strong>. Dessa diversidade de pensamentos, surgiram diferentes versões, a partir de uma variada<br />

miríade de olhares (sejam elas através de uma perspectiva política, estética, sociológica, antropológica ou<br />

histórica) acerca <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de percepção e construção <strong>do</strong> pertencimento à <strong>Bahia</strong>. Assim, concordan<strong>do</strong> com<br />

Car<strong>do</strong>so (2001, p.83), “a baianidade é um conceito ainda em construção, pois o termo é usa<strong>do</strong> com uma certa

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