Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

indiquem as vicissitudes do modo de conceber e de gerir um modelo de política que inclua em
uma única agenda as especificidades de áreas aparentemente díspares: a cultura e o turismo.
4.1 PREFIGURAÇÕES DE UM MODELO DE GESTÃO: ENLACES ENTRE
CULTURA E TURISMO
As relações entre turismo e cultura configuradas como áreas afins, no que se refere à
formulação de políticas, vem desde há muito tempo na história política da Bahia. Como foi
assinalado anteriormente, apesar de nunca terem sido fundidas em uma secretaria específica, o
tom dessa interseção foi proporcionado e ensejado pelo grupo de políticos e apadrinhados que
formavam a base carlista que, desde a década de 70, vem executando ações sinérgicas entre as
áreas de turismo e cultura, de modo a fazer reverberar as ressonâncias dessas intervenções
numa e noutra área. Desde os anos 70, quando Antonio Carlos Magalhães é eleito pela
primeira vez governador do Estado para o quadriênio 1971-1975, algumas medidas
emblemáticas foram tomadas no sentido de conceder a Salvador um delineamento de lugar de
entretenimento e turismo.
A idéia de incentivar ações voltadas para o desenvolvimento de atividades no setor de
serviços deu-se como conseqüência das profundas transformações econômicas e sociais pelas
quais a Bahia, e principalmente a cidade de Salvador, vinha sofrendo, impulsionada pela
crescente industrialização e pela modernização urbana experimentada pela cidade desde o
final dos anos 60.
Na esteira das políticas públicas federais de descentralização industrial, vigentes à
época, a Bahia consegue arregimentar importantes investimentos na área, fato que culminou
na criação do Centro Industrial de Aratu (CIA) e na implantação do Complexo Petroquímico
de Camaçari (Copec), entre os anos 60 e 70. Naquela época, a Bahia – e principalmente
Salvador – vai experimentar um surto modernizador da sua economia, fruto dos investimentos
aportados na dinamização do setor industrial, responsável por incrementar novos fluxos de
capitais e de pessoas, na dinâmica da capital e da sua embrionária região metropolitana. Como
conseqüência, Salvador vai sofrer uma profunda reconfiguração socioespacial que afetará
significativamente o modo de ocupação urbana da cidade e, conseqüentemente, promoverá
alterações no plano das relações sociais.
105