Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

4 POLÍTICA CULTURAL NA BAHIA: O CASO DA SECRETARIA DA
CULTURA E TURISMO (1995-2002)
Na seção anterior foi relatado que a partir de meados da década de 80, quando o Brasil
passa por um processo de abertura política rumo à democratização, o dirigismo tradicional do
Estado sofre transformações em virtude do novo modelo econômico que se instaurava,
baseado, sobretudo, na lógica neoliberal da globalização que começava a predominar desde
então, afetando definitivamente o modo de organização e de funcionamento das mais diversas
instâncias da sociedade, sejam elas econômicas, simbólicas ou políticas. Ora, nessa direção, e
levando em conta a ingerência do Estado, torna-se fácil perceber que essas transformações
atingirão a esfera da cultura, tornando-a exposta às conseqüências de tal reordenamento.
Assim, desde a sua condição de agente quase que exclusivo na dinamização da cultura durante
todo o desenrolar do século XX no Brasil, o Estado começa a sofrer retrações na medida em
que a lógica privatizante que coordena a ideologia do neoliberalismo começa a prevalecer
também no campo cultural, mais especificamente através da consolidação das indústrias
culturais e da presença cada vez mais ativa de empresas privadas como patrocinadoras da
produção cultural nacional.
O momento agora, então, é de situar, a partir desse cenário, o objeto dessa pesquisa e o
problema por ela suscitado, qual seja: compreender a mudança de equilíbrio na balança de
poder entre os agentes culturais através da averiguação das políticas de cultura implementadas
no Estado da Bahia no período que se estende entre os anos de 1995 e 2002, desde o momento
em que ocorre a consolidação institucional para a área cultural com a criação da Secretaria da
Cultura e Turismo do Estado.
Qual foi a peculiaridade das políticas culturais implementadas no Estado da Bahia no
período assinalado acima? Em que medida o enlaçamento entre cultura e turismo conferiu
especificidade ao modelo de gestão cultural adotado pelo executivo baiano? Como se
inscreve o Programa Fazcultura no interior das estratégias modernizantes imputadas pelo
poder local na administração da cultura? Para que tendências a adoção desse mecanismo de
financiamento à cultura aponta, no que se refere aos modos de organização e gestão do campo
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