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A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...

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Às 13h30, dois tiros <strong>de</strong> pólvora seca foram dados como advertência e, <strong>em</strong> seguida, o forte <strong>de</strong> São<br />

Marcelo começou a bombar<strong>de</strong>ar Salvador, instaurando o pânico na cida<strong>de</strong>. Além do “forte do<br />

mar”, o forte do Barbalho também participou do ataque, <strong>em</strong> balaços convergentes que visavam<br />

<strong>de</strong>struir a resistência da policia estadual, cujas forças estavam concentradas no centro da cida<strong>de</strong>.<br />

É difícil <strong>de</strong>terminar com precisão o saldo da <strong>de</strong>struição, pois os relatos diverg<strong>em</strong> <strong>de</strong> acordo com<br />

a filiação política das test<strong>em</strong>unhas, mas é certo que a tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1912 marcou um<br />

dos mais violentos e extraordinários acontecimentos da história da Bahia.<br />

O palácio do governo foi incendiado (Figura 4) e a biblioteca pública, que ali estava instalada, foi<br />

<strong>de</strong>struída. Livros da época colonial foram perdidos para s<strong>em</strong>pre. O número <strong>de</strong> feridos e mortos é<br />

controverso. Os seabristas, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, minimizaram os danos. Segundo eles, os estragos no<br />

palácio foram causados por um incêndio posterior, provocado por um partidário do governo. A<br />

polícia estadual é que estaria atirando no povo e nos soldados, por isso a população estaria<br />

aprovando a ação militar. O general Sotero afirmou que o bombar<strong>de</strong>io havia sido uma “medida<br />

humanitária”, para evitar que os soldados entrass<strong>em</strong> <strong>em</strong> luta corporal contra os policiais,<br />

reduzindo as baixas <strong>de</strong> ambos os lados (Gazeta do Povo, 12 jan. 1912).<br />

Uma versão b<strong>em</strong> diferente foi narrada, por ex<strong>em</strong>plo, pelo jornalista baiano Almáquio Diniz <strong>em</strong><br />

carta a Rui Barbosa, que o senador leu <strong>em</strong> um discurso no Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral. Conforme<br />

Diniz, após o pan<strong>de</strong>mônio do bombar<strong>de</strong>io, com a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> prédios públicos e a danificação<br />

<strong>de</strong> casas particulares (segundo ele, parte dos projéteis foram direcionados para as residências <strong>de</strong><br />

José Marcelino e Domingos Guimarães), o governador pediu uma trégua ao general. Foi nessa<br />

hora, segundo ele, que os soldados espalharam o terror pela cida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> cenas <strong>de</strong> carnificina. Um<br />

grupo teria invadido a diretoria <strong>de</strong> rendas do Estado e matado quinze policiais lá abrigados,<br />

ainda nessa mesma noite (OCRB, v.XXXIX, 1912, t.I, p.49-51).<br />

A violência inusitada do bombar<strong>de</strong>io ficou marcada profundamente na alma da cida<strong>de</strong>, mas os<br />

tumultos não ficaram restritos às ocorrências <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> janeiro. Até 28 <strong>de</strong> março, quando Seabra<br />

tomou posse do governo do Estado, Salvador viveu um período <strong>de</strong> turbulência. Aurélio Viana<br />

teve que abandonar o governo (12 jan.), sob pressão <strong>de</strong> uma multidão enfurecida. Refugiou-se<br />

no consulado da Venezuela, <strong>de</strong>pois fugiu à noite para o da França, on<strong>de</strong> uma comissão li<strong>de</strong>rada<br />

pelo <strong>de</strong>putado Simões Filho foi buscar sua renúncia. O governo foi entregue, então, a Bráulio<br />

Xavier, presi<strong>de</strong>nte do Tribunal da Relação e quarto substituto do governador. Mas, com a<br />

repercussão dos eventos baianos na capital fe<strong>de</strong>ral, especialmente pela palavra <strong>de</strong> Rui, Aurélio<br />

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