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A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...

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mais a marcha avassaladora do ministro da Viação, que parecia <strong>de</strong>cidido a tomar o controle da<br />

política da terra natal a qualquer custo.<br />

Em nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1911, instaurou-se uma grave crise política <strong>em</strong> Pernambuco, com a disputa <strong>de</strong><br />

dois hermistas pelo governo estadual. Os partidários do general Dantas Barreto acionavam o<br />

discurso anti-oligárquico para expurgar o grupo do senador Rosa e Silva, encastelado no po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1896. O chefe pernambucano, que não queria ir com Rui “n<strong>em</strong> para o céu”, agora <strong>de</strong>scia<br />

aos infernos da rejeição hermista. Em <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro, uma intervenção militar assegurou a posse <strong>de</strong><br />

Dantas Barreto, ex-ministro da Guerra. A interferência do presi<strong>de</strong>nte Hermes <strong>em</strong> favor dos seus<br />

aliados nos estados tornava-se uma possibilida<strong>de</strong> muito concreta, palpável. O <strong>de</strong>senrolar da crise<br />

pernambucana teve um impacto extraordinário na Bahia. De uma hora para outra, os seabristas<br />

começaram a falar <strong>em</strong> combater oligarquias. A Gazeta do Povo (30 nov. 1911) chegou a publicar<br />

um artigo intitulado “A oligarquia estrebucha”, <strong>em</strong> que explicitava sua nova compreensão do<br />

termo, recorrendo à autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Quintino Bocaiuva:<br />

Não é somente o regime in<strong>de</strong>coroso <strong>de</strong> famílias que constitui as oligarquias, disse recent<strong>em</strong>ente<br />

(...) o venerando prócer da República e do Partido Republicano Conservador, o senador Quintino<br />

Bocaiuva: igual regime impera <strong>em</strong> qualquer dos estados, acrescentou s.ex., “on<strong>de</strong> o conluio <strong>de</strong><br />

compadres explora <strong>em</strong> seu proveito as vantagens da administração pública, <strong>de</strong> que o povo se vê<br />

segregado <strong>em</strong> toda a parte”.<br />

À luz <strong>de</strong>sse critério (...), o regime que se implantou com o nefasto governo do sr. Severino Vieira (...)<br />

caracteriza-se a toda evidência como o das imorais e usurpadoras oligarquias, combatidas por<br />

todas as forças vivas da opinião nacional nessa hora <strong>de</strong> legítima reivindicação dos direitos do povo<br />

(Gazeta do Povo, 30 nov. 1911)<br />

A nova interpretação dos seabristas era que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Severino Vieira, a Bahia vivia sob o domínio<br />

<strong>de</strong> uma nefasta oligarquia, <strong>de</strong> um governo <strong>de</strong> “compadres” – a referência ao compadrio era<br />

especialmente acionada, pois esse laço existia entre José Marcelino e Araújo Pinho, e também<br />

entre Araújo Pinho e Domingos Guimarães. Excluía-se, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, o governo <strong>de</strong> Luís Viana,<br />

aliado <strong>de</strong> Seabra. Ainda <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro, alguém que assinava com o nome Benjamim publicou a<br />

seguinte convocação, na seção ineditorial da Gazeta do Povo:<br />

Povo!<br />

É t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> sacudir para longe essa atitu<strong>de</strong> opressora, <strong>de</strong> um governo s<strong>em</strong> ação que está sendo<br />

cavalgado pelo sr. Severino Vieira, o único responsável pela maior parte da infelicida<strong>de</strong> da Bahia!<br />

Preparai as vossas armas para repelir a miserável falsificação <strong>de</strong> atas que um governo <strong>de</strong>rrotado<br />

está organizando.<br />

O eleito da Bahia, o único que po<strong>de</strong> agora fazer a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossa terra, é o engenheiro Júlio<br />

Brandão.<br />

Não recuar, <strong>de</strong>ve ser o l<strong>em</strong>a <strong>de</strong> um povo cansado <strong>de</strong> sofrer.<br />

A Bahia <strong>em</strong>possará a Júlio Brandão e aos <strong>de</strong>z conselheiros conservadores, eleitos triunfant<strong>em</strong>ente<br />

por brasileiros que não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser ludibriados.<br />

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