A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...
A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...
A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
salientando os gastos <strong>de</strong>snecessários (ele listou a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> garrafas <strong>de</strong> cerveja, champanhe<br />
e vinho do porto levadas a bordo) e o papel ridículo a que o presi<strong>de</strong>nte submeteu a Marinha,<br />
para prestigiar o ministro da Viação, um baiano “rebel<strong>de</strong>, rouquejante, rabigo e rugidor” (OCRB,<br />
v.XXXVIII, 1911, t.I, p.170-215; v.XXXVIII, 1911, t.III, p.64).<br />
Após a campanha civilista, Rui havia se retirado da política para <strong>de</strong>scansar, mas retornou <strong>em</strong> fins<br />
<strong>de</strong> 1910 <strong>em</strong> meio ao <strong>de</strong>bate sobre o movimento dos marinheiros, atualmente conhecido como a<br />
Revolta da Chibata. Em 1911, intensificou sua oposição ao hermismo, cobrando a punição dos<br />
responsáveis pelo massacre da Ilha das Cobras e pela chacina ocorrida no navio Satélite. Com<br />
discursos e artigos jornalísticos impecavelmente construídos, Rui mobilizava a opinião pública<br />
contra as violências do governo, que parecia dar razão aos seus alertas da época da campanha<br />
eleitoral. Novamente, ele era a voz mais potente da oposição, principalmente no Senado e no<br />
jornal Diário <strong>de</strong> Notícias (RJ), <strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong>. Em retaliação por essa postura combativa, seu<br />
genro Batista Pereira e seu cunhado Carlito per<strong>de</strong>ram seus <strong>em</strong>pregos públicos, o que enfureceu<br />
ainda mais o senador baiano. Anos <strong>de</strong>pois, ele ainda l<strong>em</strong>brava com rancor da atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hermes,<br />
que <strong>de</strong>mitiu o marido <strong>de</strong> sua filha quando ela estava adoentada. “O golpe do marechal po<strong>de</strong>ria<br />
ter-nos custado a vida <strong>de</strong> minha filha”, protestou, <strong>de</strong> maneira um tanto dramática. No lugar do<br />
genro <strong>de</strong> Rui, foi nomeado o enteado <strong>de</strong> um ministro hermista. Era o mundo dos bastidores, que<br />
nunca estava muito distante das luzes da ribalta política (OCRB, v.XL, 1913, t.IV, p.195).<br />
O lançamento da candidatura Seabra puxou a atenção <strong>de</strong> Rui para as questões baianas. Em<br />
diversos artigos, ele argumentou que o ministro da Viação era inelegível para o governo da Bahia<br />
por não morar no estado por mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos (OCRB, v.XXXVIII, 1911, t.III, p.61). Enquanto isso,<br />
os governistas baianos, reforçados pelos severinistas, tentavam articular uma candidatura que<br />
agregasse todos os anti-seabristas e ainda contasse com a boa vonta<strong>de</strong> do marechal Hermes.<br />
Escolheram o <strong>de</strong>putado Domingos Guimarães. Não é preciso explicar muito porque a escolha<br />
<strong>de</strong>sagradou Rui: era um hermista. O senador propôs outros nomes, como o do <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral<br />
José Maria Tourinho, mas seus aliados baianos sabiam que escolher alguém ligado a Rui seria um<br />
agravante para a fúria do governo fe<strong>de</strong>ral, que vinham tentando aplacar.<br />
Para reforçar o impedimento legal à candidatura seabrista, Rui passou aos aliados a minuta <strong>de</strong><br />
uma nova lei estadual sobre inelegibilida<strong>de</strong>s, que foi aprovada. Com a mudança, Seabra teria<br />
que <strong>de</strong>sistir do ministério quatro meses antes do pleito, se <strong>de</strong>sejasse concorrer ao governo<br />
baiano. Seabra não saiu do ministério, n<strong>em</strong> <strong>de</strong>sistiu da candidatura. Nada disso po<strong>de</strong>ria barrar<br />
94