A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...
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apoio <strong>de</strong> Rui para seus planos anti-Pinheiro, mas não foi b<strong>em</strong> sucedido. A correspondência <strong>de</strong><br />
Alfredo Rui indica, ao contrário, que a idéia <strong>de</strong> resistir se fortaleceu. Araújo Pinho disse dispor <strong>de</strong><br />
“mil e tantos homens <strong>de</strong> polícia b<strong>em</strong> treinados” na capital e que, se não fosse possível tecer um<br />
acordo honroso, “não se afastaria do <strong>de</strong>ver” <strong>de</strong> lutar. Depois <strong>de</strong> várias idas e vindas, o governo<br />
estadual acabou ce<strong>de</strong>ndo, no dia 29 <strong>de</strong> março, diante da ameaça do Exército. Seabra obteve as<br />
vagas na Câmara e no Senado Estadual. Fiel ao seu estilo, prometeu arranjar cargos fe<strong>de</strong>rais para<br />
os candidatos governistas que tivess<strong>em</strong> que per<strong>de</strong>r a vaga para a entrada dos seus partidários<br />
(ARB/CRUPF 141.1/1 12/03/1911 a 30/03/1911).<br />
O chamado “acordo <strong>de</strong> 1911” foi o passo <strong>de</strong>cisivo <strong>de</strong> Seabra rumo ao domínio da política baiana.<br />
A partir <strong>de</strong> então, a balança começou a pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>finitivamente para seu lado. Choviam a<strong>de</strong>sões<br />
<strong>de</strong> políticos da capital e do interior: Antônio Calmon, Deocleciano Teixeira, José Aquino Tanajura,<br />
José Álvaro Cova, Campos França, Arlindo Leoni, barão <strong>de</strong> São Francisco, barão do Açu da Torre,<br />
entre outros. Quanto mais forte o ministro Seabra se mostrava, mais a<strong>de</strong>sões recebia, o que o<br />
fortalecia ainda mais. Em junho, o jornal Diário <strong>de</strong> Notícias (BA) lançou a candidatura seabrista<br />
ao governo da Bahia, na eleição programada para o ano seguinte. Dias <strong>de</strong>pois, Severino Vieira<br />
rompeu com o hermismo, que não o vinha prestigiando. O próprio Pinheiro Machado <strong>de</strong>clarou<br />
estar “exultante” com a l<strong>em</strong>brança do nome <strong>de</strong> Seabra para o governo baiano. O astuto senador<br />
gaúcho, provavelmente, preferia ter o baiano b<strong>em</strong> longe, <strong>em</strong> sua terra natal, do que articulando<br />
planos para <strong>de</strong>rrubar sua influência na capital fe<strong>de</strong>ral.<br />
Em julho <strong>de</strong> 1911, os baianos que ainda se mostravam céticos quanto ao prestígio <strong>de</strong> Seabra<br />
test<strong>em</strong>unharam um espetáculo surpreen<strong>de</strong>nte. A pretexto da com<strong>em</strong>oração do centenário da<br />
Associação Comercial da Bahia e da inauguração <strong>de</strong> um trecho do porto, Seabra articulou uma<br />
visita do marechal Hermes a Salvador. O presi<strong>de</strong>nte não veio sozinho, e sim acompanhado dos<br />
mais mo<strong>de</strong>rnos navios da Marinha brasileira. A mobilização da esquadra para uma espécie <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sfile marítimo, da baía <strong>de</strong> Guanabara à baía <strong>de</strong> Todos os Santos, era algo nunca visto no país.<br />
Hermes, Seabra e a comitiva viajaram no po<strong>de</strong>roso encouraçado São Paulo. Para <strong>de</strong>ixar b<strong>em</strong><br />
claro que a iniciativa <strong>de</strong> trazer o presi<strong>de</strong>nte era sua, não do governador Araújo Pinho, Seabra fez<br />
com que Hermes fosse hospedado pela Associação Comercial, e não pelo governo estadual, que<br />
foi apenas “comunicado” da vinda do marechal.<br />
Os adversários do seabrismo não pouparam críticas à visita presi<strong>de</strong>ncial. A mais criativa partiu <strong>de</strong><br />
Severino Vieira, para qu<strong>em</strong> Seabra veio exibir Hermes tal como se exibe um urso amestrado<br />
numa feira <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s. Rui Barbosa também não per<strong>de</strong>u a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comentar o caso,<br />
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