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A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...

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esi<strong>de</strong> na heterogeneida<strong>de</strong> do hermismo que, após o triunfo eleitoral, começava a vir à tona.<br />

Severino Vieira contava com o apoio <strong>de</strong> Pinheiro Machado, que continuava forte no Congresso.<br />

Seabra, por sua vez, havia se articulado ao grupo que <strong>de</strong>sejava diminuir a influência <strong>de</strong> Pinheiro,<br />

formado por militares salvacionistas e parentes do presi<strong>de</strong>nte, como o tenente Mário Hermes<br />

(filho), o <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral Fonseca Hermes (irmão) e o general Clodoaldo da Fonseca (primo).<br />

Os adversários insinuavam que havia uma “condição política” para a escolha <strong>de</strong> Seabra para o<br />

ministério: a futura eleição do jov<strong>em</strong> Mário Hermes como <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral pela Bahia, o que<br />

realmente viria a ocorrer 18 .<br />

A pasta da Viação e Obras Públicas pulsava <strong>de</strong> interesse político e econômico. Tinha sob seu<br />

controle o <strong>de</strong>senvolvimento das ferrovias e portos, além das obras públicas. Assim que assumiu<br />

o ministério, Seabra entrou a criar polêmica. Adotando um discurso <strong>de</strong> moralização, rescindiu<br />

contratos firmados pelo antecessor, <strong>de</strong>spertando a ira do jornal O País, que até então o apoiava.<br />

Foi essa a revisão contratual citada no capítulo anterior. Um dos contratos cancelados era <strong>de</strong><br />

interesse do con<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>sto Leal, aliado <strong>de</strong> Pinheiro Machado. Apesar disso, Seabra e Pinheiro<br />

mantinham-se <strong>em</strong> aparente cordialida<strong>de</strong>. Na Bahia, os seabristas diziam ser os representantes<br />

do Partido Republicano Conservador (PRC), criado por Pinheiro. Não era interessante, para<br />

nenhum dos lados, um rompimento explícito naquele momento.<br />

De volta à posição <strong>de</strong> ministro, Seabra não tardou <strong>em</strong> fazer valer sua força no estado natal. Em<br />

primeiro lugar, acionou os expedientes usuais da política: <strong>de</strong>mitiu funcionários fe<strong>de</strong>rais ligados<br />

aos seus adversários da Bahia para dar lugar aos aliados. A direção regional dos Correios e<br />

Telégrafos, por ex<strong>em</strong>plo, foi entregue a Simões Filho. Em seguida, Seabra começou a pressionar<br />

os governistas baianos para abrir espaço para seu grupo político. A primeira gran<strong>de</strong> ação nesse<br />

sentido ocorreu <strong>em</strong> 1911, nas eleições para a Câmara e o Senado estadual. Como s<strong>em</strong>pre, os<br />

governistas ficaram com a maior parte das vagas, dando orig<strong>em</strong> a protestos da oposição. Esses<br />

protestos eram comuns e não costumavam preocupar o governo. Mas, <strong>em</strong> 1911, os seabristas<br />

tinham acesso a argumentos mais persuasivos do que meras palavras.<br />

Enquanto se fazia a “verificação” da eleição, uma comissão <strong>de</strong> militares veio a Salvador para<br />

“inspecionar” os canhões do Forte <strong>de</strong> São Marcelo, que foram direcionados para a cida<strong>de</strong>. Ao<br />

mesmo t<strong>em</strong>po, anunciava-se que o scout Bahia, um dos novos navios <strong>de</strong> guerra do país, viria à<br />

18 Oriundo <strong>de</strong> uma família <strong>de</strong> militares, Mário Hermes nasceu no Ceará enquanto seu pai servia naquele estado, mas não<br />

tinha ligação com grupos políticos estaduais até sua ligação com Seabra. Ele foi <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral pela Bahia durante todo<br />

o período seabrista (1912-1923). Depois não conseguiu mais se eleger. Sua trajetória política foi tributária da importância<br />

<strong>de</strong> seu pai e da sua ligação com Seabra. Na Bahia, vinculou-se aos lí<strong>de</strong>res do Centro Operário e, <strong>em</strong> 1912, presidiu o<br />

Congresso Operário Nacional, que seu pai organizou no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

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