A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...
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a<strong>de</strong>sões. Na primeira, <strong>de</strong> tr<strong>em</strong> até Alagoinhas (on<strong>de</strong> seu filho era promotor), confraternizou com<br />
dois lí<strong>de</strong>res do movimento <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1909, coronel Carlos Pinto e padre Alfredo, e seguiu<br />
até as oficinas da ferrovia, <strong>em</strong> Aramari, <strong>em</strong> “gratidão aos laboriosos operários” que, segundo ele,<br />
o apoiavam. A segunda viag<strong>em</strong> <strong>de</strong>veria incluir Cachoeira, São Félix, Castro Alves, São Gonçalo<br />
dos Campos, Feira <strong>de</strong> Santana e Cruz das Almas, mas foi interrompida <strong>em</strong> Castro Alves após um<br />
gran<strong>de</strong> tumulto que acabou <strong>em</strong> bengaladas e tiroteio. Segundo Seabra, a agressão foi provocada<br />
por policiais instigados por políticos civilistas (os irmãos Bernardo e Rafael Jambeiro).<br />
Em 15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1910, a Junta Hermes-Venceslau transformou-se no Partido D<strong>em</strong>ocrata, <strong>em</strong><br />
ass<strong>em</strong>bléia no palacete Devoto. Apesar dos esforços dos seabristas, que telegrafaram a todos os<br />
municípios baianos informando que o novo partido contava com o apoio do governo fe<strong>de</strong>ral, a<br />
agr<strong>em</strong>iação não conseguiu reunir as maiores forças políticas do estado nesse primeiro momento.<br />
Para os chefes municipais, a situação do governo estadual ainda não estava tão <strong>de</strong>sesperada que<br />
os impelisse aos braços <strong>de</strong> Seabra, abrindo espaço para as oposições locais se articular<strong>em</strong> aos<br />
marcelinistas no po<strong>de</strong>r. O panorama estava in<strong>de</strong>finido. Vários cenários pareciam possíveis <strong>de</strong> se<br />
concretizar. Os marcelinistas po<strong>de</strong>riam fazer as pazes com o hermismo triunfante, aproveitando<br />
o fato <strong>de</strong> que, após as eleições e a batalha pelo reconhecimento, Rui saiu <strong>de</strong> cena para cuidar da<br />
saú<strong>de</strong>. Era possível que Hermes resolvesse apoiar as pretensões dos severinistas, que tinham<br />
bases mais enraizadas na política baiana. Nada indicava, <strong>de</strong> forma inequívoca, que o Partido<br />
D<strong>em</strong>ocrata tinha um futuro promissor.<br />
A ata <strong>de</strong> fundação do partido registra a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> 75 representações municipais, o que significa<br />
mais da meta<strong>de</strong> dos 128 municípios existentes na Bahia (Gazeta do Povo, 16 mar.1910). Parte<br />
<strong>de</strong>sses “representantes”, porém, não tinha po<strong>de</strong>r nas municipalida<strong>de</strong>s, e constava apenas para<br />
criar volume. Dentre os que se <strong>de</strong>stacavam pelo maior peso político, estava o coronel Antônio<br />
Pessoa da Costa e Silva, <strong>de</strong> Ilhéus, que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do século, vinha combatendo a influência<br />
do coronel Domingos Adami <strong>de</strong> Sá. Este contava com apoio do governo estadual e controlava a<br />
intendência municipal através do correligionário João Mangabeira. Antônio Pessoa apostou cedo<br />
na alternativa do seabrismo, tornando-se m<strong>em</strong>bro do Partido D<strong>em</strong>ocrata. A a<strong>de</strong>são lhe ren<strong>de</strong>u<br />
ótimos frutos, posteriormente, contribuindo para consolidar seu mando regional.<br />
Com dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> arregimentar chefes po<strong>de</strong>rosos, Seabra teve que se unir ao conselheiro Luís<br />
Viana, que retornava do ostracismo. Dez anos antes, Viana <strong>de</strong>ixou o governo hostilizado pelo<br />
comércio <strong>de</strong> Salvador, <strong>de</strong>smoralizado pelas <strong>de</strong>rrotas da polícia <strong>em</strong> Canudos e rompido com o<br />
sucessor, Severino Vieira. Ainda assim, era um ex-governador, nome tradicional da política, com<br />
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