A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...
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favorável. Com 7.628 votos, foi o segundo candidato mais votado do distrito, atrás apenas <strong>de</strong><br />
Antônio Calmon, que teve 11.900 votos. Como <strong>de</strong>putado eleito, mas não reconhecido, Seabra<br />
ainda precisava das boas graças do governo estadual. No almoço <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida, antes <strong>de</strong> partir<br />
para o Rio <strong>de</strong> Janeiro, atribuiu sua eleição à “aprovação, por parte do povo, dos seus atos como<br />
parlamentar e ministro, e da sua atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> franco apoio à atual situação baiana”. Concluiu<br />
brindando a Bahia, “cuja apologia fez na pessoa do seu digno governador, que a representa com<br />
altivez, dignida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>dicação, honra e patriotismo” (Gazeta do Povo, 08 jan.1909, 15 fev. 1909).<br />
Dois dias <strong>de</strong>pois, na chegada festiva à capital fe<strong>de</strong>ral, Seabra já proclamou um discurso que <strong>de</strong>u<br />
marg<strong>em</strong> a dúvidas sobre sua lealda<strong>de</strong> aos governistas baianos. Não foi possível encontrar suas<br />
palavras exatas nas fontes consultadas, mas os <strong>de</strong>smentidos publicados na seabrista Gazeta do<br />
Povo informam que ele proferiu um ataque às “oligarquias” estaduais, prometendo combatê-las<br />
no Congresso Nacional. O discurso foi interpretado, especialmente pelos severinistas, como uma<br />
ofensiva ao grupo dominante na Bahia. Diante disso, o correspon<strong>de</strong>nte da Gazeta do Povo<br />
mandou a seguinte nota <strong>de</strong> esclarecimento:<br />
Em resposta às explorações <strong>de</strong> certos jornais, o dr. Seabra mantém a sua opinião sobre<br />
oligarquias, e pergunta-nos on<strong>de</strong> está a oligarquia da Bahia, on<strong>de</strong> nenhum dos seus<br />
governadores t<strong>em</strong> parentesco próximo ou afastado.<br />
Nada têm, portanto, suas palavras que ver com a política baiana, com a qual é<br />
inteiramente solidário (Gazeta do Povo, 22 fev. 1909).<br />
Aproveitando-se da poliss<strong>em</strong>ia do termo, Seabra adotou o conceito <strong>de</strong> oligarquia que lhe<br />
convinha no momento, que era o que restringia as oligarquias aos governos familiares. Com essa<br />
ressalva, podia manter “sua opinião sobre oligarquias”, ou seja, podia se inscrever entre os que<br />
<strong>de</strong>nunciavam os arranjos oligárquicos como um dos males da República, s<strong>em</strong>, necessariamente,<br />
romper com o governo baiano. Era s<strong>em</strong>pre muito <strong>de</strong>sagradável estar na oposição.<br />
O combate às “oligarquias” era, então, o principal t<strong>em</strong>a político do Brasil. A <strong>em</strong>ergência <strong>de</strong>ssa<br />
questão, como já se comentou, trazia à tona a insatisfação com as promessas não cumpridas<br />
pela República e a aspiração por mo<strong>de</strong>los centralizadores. Na eleição presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> 1910, essa<br />
aspiração encontrou uma brecha para se manifestar na incapacida<strong>de</strong> dos chefes <strong>em</strong> obter um<br />
consenso. O candidato preferido do presi<strong>de</strong>nte Afonso Pena, o ministro Davi Campista (escolha<br />
referendada pelos cafeicultores <strong>de</strong> São Paulo) não foi aceito por Rui e Pinheiro Machado, que<br />
alegavam que não cabia ao Catete indicar o sucessor. Rui l<strong>em</strong>brou a Afonso Pena <strong>de</strong> que esse<br />
princípio havia sustentado sua própria candidatura, <strong>em</strong> 1906, contra o candidato preferido <strong>de</strong><br />
Rodrigues Alves (OCRB, 1909, v.XXXVI, t.II; VISCARDI, 2000, p.176-177).<br />
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