A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...
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entrou <strong>em</strong> uma espécie peculiar <strong>de</strong> ostracismo: não ocupava cargo público, mas seus partidários<br />
baianos continuavam se referindo a ele como chefe e se comportavam como um grupo à parte<br />
no Senado e na Câmara Estadual. Em 1907, enquanto os jornais publicavam seus artigos contra<br />
Rui, ele viajou à Europa <strong>em</strong> companhia do tio, Manuel Alves Barbosa, que buscava tratamento<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, mas acabou falecendo. Ao regressar com o corpo, poucos meses <strong>de</strong>pois, Seabra estava<br />
informado <strong>de</strong> que o tabuleiro baiano havia sofrido importantes alterações.<br />
Em abril <strong>de</strong> 1907, o governador José Marcelino rompeu com o antecessor, Severino Vieira, no<br />
que ficou conhecido como a “cisão” do PRB. Dois grupos distintos passaram a disputar o controle<br />
do governo estadual. De um lado, Severino estava fortalecido, após seis anos como chefe do<br />
partido, com maioria nas duas casas legislativas estaduais e na bancada da Câmara Fe<strong>de</strong>ral. José<br />
Marcelino, por sua vez, era o governador, isto é, dispunha da máquina governamental, da justiça<br />
e da polícia para influir nas eleições. Além disso, tinha aliados na esfera fe<strong>de</strong>ral, dos quais o<br />
principal era o senador Rui Barbosa. Rui se envolveu tanto nessa disputa baiana que cogitou até<br />
<strong>em</strong> <strong>de</strong>sistir <strong>de</strong> participar da conferência <strong>de</strong> Haia para ficar no Brasil, apoiando José Marcelino<br />
(SAMPAIO, 1998, p.94-97).<br />
É interessante l<strong>em</strong>brar que, menos <strong>de</strong> um ano antes, Rui havia criticado Seabra por instigar o<br />
governador a romper com “seus amigos, com a organização do seu partido e com as tradições e<br />
<strong>de</strong>veres <strong>em</strong> que ele se assentava” (OCRB, 1906, v.XXXII, t.I, p.173). Agora, o próprio Rui se<br />
envolvia na disputa, ao lado daquele que se tornara seu aliado mais confiável. De fato, Severino<br />
Vieira s<strong>em</strong>pre manteve uma postura hostil a Rui, tolerando sua ascendência sobre a política<br />
baiana com relutância. Ele havia sido ministro <strong>de</strong> Campos Sales e tinha maior trânsito nacional<br />
do que Marcelino, que era um nome restrito à Bahia. Na “queda-<strong>de</strong>-braço” entre Severino e<br />
Marcelino, a força nacional <strong>de</strong> Rui foi fundamental para ajudar o governador a superar a força<br />
estadual do antigo chefe. Foi, provavelmente, graças a ele que os marcelinistas obtiveram o<br />
<strong>de</strong>cisivo apoio do presi<strong>de</strong>nte Afonso Pena às suas pretensões.<br />
A cisão do PRB possibilitou aos seabristas uma nova inserção na política dominante da Bahia,<br />
<strong>de</strong>ntro do grupo vencedor. Eles ajudaram a pesar a balança para o lado marcelinista, que<br />
conseguiu <strong>em</strong>possar o novo governador, João Ferreira <strong>de</strong> Araújo Pinho, <strong>em</strong> maio <strong>de</strong> 1908. Em<br />
troca, Seabra encerrou seu próprio ostracismo político, com um mandato <strong>de</strong> <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral.<br />
Candidato do primeiro distrito, fez campanha eleitoral <strong>de</strong> tr<strong>em</strong> até Alagoinhas, sendo saudado<br />
<strong>em</strong> cada parada pelos chefes locais. Pedia votos, não só para si, mas para toda a chapa oficial,<br />
afirmando sua lealda<strong>de</strong> aos marcelinistas, dos quais <strong>de</strong>pendia sua eleição. O resultado lhe foi<br />
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