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A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...

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O expurgo seabrista teve certa repercussão, pois contrariava a nova lei eleitoral, que previa uma<br />

cota para a representação das oposições estaduais. Rui precisou tratar do assunto publicamente.<br />

Em discurso no Senado (15 maio 1906), ele negou rumores <strong>de</strong> que o apoio baiano ao convênio<br />

<strong>de</strong> Taubaté, realizado naquele ano, tivesse sido negociado <strong>em</strong> troca da “<strong>de</strong>gola” dos seabristas.<br />

Desqualificou o partido dissi<strong>de</strong>nte (“uma improvisação da véspera, constituída <strong>em</strong> torno da<br />

autorida<strong>de</strong> exclusiva <strong>de</strong> um ministro”), atribuindo seu fracasso nas urnas à estratégia <strong>de</strong>finida<br />

pelo seu chefe (Seabra), que dispersou votos, <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> concentrá-los. Insinuou, ainda, que os<br />

oposicionistas estariam envolvidos no atentado fracassado contra José Marcelino (12 out. 1905),<br />

que, se b<strong>em</strong> sucedido, “teria mudado, transposto, invertido inteiramente a situação política da<br />

Bahia” (OCRB, 1906, v.XXXII, t.I, p.11, 16).<br />

Mas, o golpe maior na primeira tentativa <strong>de</strong> Seabra <strong>de</strong> se firmar na política estava por vir. Em<br />

set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1906, foi eleito senador fe<strong>de</strong>ral por Alagoas, com o apoio <strong>de</strong> Eucli<strong>de</strong>s Malta, chefe<br />

da família que monopolizava a política daquele estado. Não se sabe que vantag<strong>em</strong> os Malta<br />

tiveram para lhe ce<strong>de</strong>r uma ca<strong>de</strong>ira no Senado, mas as eleições ocorreram com a “regularida<strong>de</strong>”<br />

que só uma oligarquia b<strong>em</strong> assentada no po<strong>de</strong>r, como a alagoana, po<strong>de</strong>ria proporcionar.<br />

Eucli<strong>de</strong>s Malta arranjou 12.412 votos (6.322 “a <strong>de</strong>scoberto”, isto é, abertos, e 6.090 secretos)<br />

para Seabra, s<strong>em</strong> que o baiano precisasse pôr os pés <strong>em</strong> Alagoas. O candidato da oposição, Leite<br />

e Oiticica, recebeu oficialmente 410 votos, mas ganhou o apoio informal do governo baiano e do<br />

Bloco. A disputa maior anunciava-se para o Congresso Nacional, on<strong>de</strong> o candidato eleito <strong>de</strong>veria<br />

ter seu diploma reconhecido (CASTRO, 1990; SANTOS, E., 1990).<br />

A eleição foi anulada no Congresso, dando orig<strong>em</strong> a uma polêmica. Muitos atribuíam a “<strong>de</strong>gola”<br />

à ação <strong>de</strong> Rui Barbosa e Pinheiro Machado. Em discurso no Senado (20 nov. 1906), Rui protestou<br />

contra a “campanha <strong>de</strong> ódios e mentiras” dos jornais sobre o assunto. Negou a existência <strong>de</strong> um<br />

antagonismo pessoal entre ele e Seabra, admitindo apenas um “antagonismo político, notório,<br />

manifesto (...) <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> circunstâncias que todos presenciaram, e que até hoje ninguém<br />

esqueceu” (OCRB, 1906, v.XXXII, t.I, p.172). Essas “circunstâncias” eram as recentes investidas <strong>de</strong><br />

Seabra sobre a política baiana, assim referidas por ele:<br />

Ninguém ignora a atitu<strong>de</strong> assumida pelo ilustre candidato por Alagoas <strong>em</strong> relação ao meu Estado<br />

natal. Ninguém esqueceu ainda a carta en<strong>de</strong>reçada por S. Ex. ao governador da Bahia, on<strong>de</strong> aquele<br />

ilustre brasileiro era convidado, a troco do aceno dos el<strong>em</strong>entos fe<strong>de</strong>rais manejados pelo ministro<br />

da Justiça, a romper com seus amigos, com a organização do seu partido e com as tradições e<br />

<strong>de</strong>veres <strong>em</strong> que ele se assentava, pra constituir uma política nova, <strong>de</strong>pondo o chefe e organizando<br />

o Partido Republicano da Bahia segundo outras normas e outra direção (OCRB, 1906, v.XXXII, t.I,<br />

p.173).<br />

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