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A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...

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também estava situada na ferrovia. O imenso quarto distrito, que incluía todo o oeste, a região<br />

do São Francisco e as Lavras, passou a ser sediado pela pouco <strong>de</strong>senvolvida cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barra do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> (Barra). A escolha <strong>de</strong> Cachoeira como se<strong>de</strong> do segundo distrito <strong>de</strong>sprestigiava<br />

Nazaré, reduto do próprio José Marcelino. Diante disso, o governo da Bahia viu-se obrigado a<br />

romper relações com o governo fe<strong>de</strong>ral, que continuava prestigiando seu ministro da Justiça<br />

(SOUSA, 1949, p.83-85).<br />

Em março <strong>de</strong> 1905, José Marcelino lançou a candidatura presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> Rui Barbosa à revelia do<br />

Catete, que tentava viabilizar o nome do ministro Bernardino <strong>de</strong> Campos como sucessor. Era um<br />

sinal <strong>de</strong> rebeldia dos baianos e também uma forma <strong>de</strong> participar das articulações sucessórias<br />

com um nome <strong>de</strong> relevância nacional. O acionamento do prestígio <strong>de</strong> Rui também servia como<br />

anteparo ao avanço seabrista, pois, como comentou Severino Vieira a José Marcelino: “o<br />

lançamento da candidatura do Rui teve o gran<strong>de</strong> efeito político <strong>de</strong> afastar do Seabra, pelo<br />

menos por enquanto, a imprensa neutra da nossa terra”. Rui não foi eleito, n<strong>em</strong> mesmo saiu<br />

candidato oficialmente, mas foi vitorioso nessas eleições. Seu grupo, o Bloco, que li<strong>de</strong>rava ao<br />

lado <strong>de</strong> Pinheiro Machado, conseguiu impor uma <strong>de</strong>rrota ao governo fe<strong>de</strong>ral. O argumento era<br />

<strong>de</strong> que não cabia ao presi<strong>de</strong>nte escolher o sucessor. Eles <strong>de</strong>fendiam a escolha <strong>de</strong> um nome pelos<br />

“próceres” estaduais, ou seja, alguém referendado pelo próprio Bloco. Nessas negociações, Rui<br />

atuou <strong>em</strong> nome da Bahia, com carta branca do governador. “Qu<strong>em</strong> fala e resolve pela Bahia,<br />

neste assunto, já o tenho dito e repetido s<strong>em</strong> reservas, é, unicamente, V.”, escreveu-lhe José<br />

Marcelino. O novo presi<strong>de</strong>nte, o mineiro Afonso Pena, foi eleito com forte apoio <strong>de</strong> Rui, que viu<br />

crescer sua influência no plano fe<strong>de</strong>ral (SOUSA, 1949, p., 87, 58).<br />

Seabra, que havia se esforçado pela candidatura do Catete, ficou do lado per<strong>de</strong>dor. S<strong>em</strong> o apoio<br />

do próximo presi<strong>de</strong>nte, hostilizado pelos governistas baianos, suas perspectivas eram sombrias<br />

ao <strong>de</strong>ixar o ministério. Diante <strong>de</strong> sua fragilização, os chefes do PRB trataram <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfazer suas<br />

tramas na política baiana. José Marcelino trouxe a público uma carta <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1905, <strong>em</strong><br />

que Seabra o instava a romper com Severino Vieira, reorganizando o PRB sob sua influência. Foi<br />

o pretexto para se excluir os seabristas da chapa oficial para as eleições seguintes. Os partidários<br />

<strong>de</strong> Seabra fundaram, então, um Partido Republicano Dissi<strong>de</strong>nte. Fizeram questão <strong>de</strong> incluir, <strong>em</strong><br />

sua chapa eleitoral, o nome <strong>de</strong> Rui Barbosa, já presente na chapa oficial, alegando que seria<br />

“crime <strong>de</strong> lesa-patriotismo” excluir o ilustre senador (O Norte, 18 jan. 1906, apud SAMPAIO,<br />

1998, p.84). Parecia uma tentativa <strong>de</strong>sesperada <strong>de</strong> obter o apoio <strong>de</strong> Rui no Congresso Nacional.<br />

A <strong>de</strong>ferência <strong>de</strong> nada adiantou, pois nenhum dos seabristas foi consi<strong>de</strong>rado eleito.<br />

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