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A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...

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se o Correio da Manhã (RJ), <strong>de</strong> abrangência nacional, massacrava o ministro da Justiça, lá estava<br />

O País (RJ), também muito influente, a <strong>de</strong>fendê-lo. Em Salvador, os seabristas se expressaram,<br />

inicialmente, através do jornal Correio do Brasil, passando <strong>de</strong>pois a O Norte.<br />

A nomeação <strong>de</strong> Seabra para o ministério não foi submetida ao governador da Bahia, Severino<br />

Vieira, que tentou mesmo <strong>de</strong>rrubá-la. Mantendo-o na pasta, o presi<strong>de</strong>nte tinha um ponto <strong>de</strong><br />

tensão constante com o governo baiano, que t<strong>em</strong>ia a crescente interferência do ministro na<br />

política estadual. De fato, já <strong>em</strong> 1903, Seabra começou a divergir do partido dominante na<br />

Bahia, opondo discreta resistência à escolha <strong>de</strong> José Marcelino <strong>de</strong> Sousa como candidato ao<br />

governo (SOUSA, 1949, p.5). Indicado por Severino Vieira, José Marcelino representava a<br />

continuida<strong>de</strong> do seu mando e o fortalecimento do Partido Republicano da Bahia (PRB), primeiro<br />

partido relativamente organizado do estado (SAMPAIO, 1998). Seabra era m<strong>em</strong>bro fundador do<br />

PRB, chefiado por Severino Vieira, mas, com a força do ministério, começava a fazer valer sua<br />

influência <strong>de</strong> forma autônoma.<br />

Os <strong>de</strong>scontentes com a indicação <strong>de</strong> José Marcelino aventaram outros nomes, inclusive o <strong>de</strong><br />

Seabra, ainda com pouca repercussão, e o <strong>de</strong> Rui. A candidatura Rui teve gran<strong>de</strong> aceitação, mas,<br />

diante <strong>de</strong> alegações <strong>de</strong> inelegibilida<strong>de</strong>, por não residir na Bahia há mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, o senador<br />

<strong>de</strong>clinou da oferta, <strong>de</strong>clarando que não aceitaria a “honra do governo <strong>de</strong>sse estado, senão no<br />

caso <strong>de</strong>sse sacrifício ser imposto por afirmação geral da vonta<strong>de</strong> da Bahia” (SOUSA, M. M., 1949,<br />

p.7). Rui preferiu apoiar a candidatura <strong>de</strong> José Marcelino, que se tornaria seu mais importante<br />

aliado na política baiana. No governo Marcelino, <strong>de</strong> fato, o senador voltou a exercer plenamente<br />

sua influência na Bahia, nos mol<strong>de</strong>s estabelecidos no início da República. Ele <strong>de</strong>ixava as questões<br />

baianas ser<strong>em</strong> resolvidas pelo governador e, <strong>em</strong> troca, era tratado como “plenipotenciário da<br />

Bahia junto ao governo fe<strong>de</strong>ral” (SOUSA, 1949, p.5).<br />

A relação dos governistas baianos com o governo fe<strong>de</strong>ral, contudo, começou a se <strong>de</strong>sgastar, a<br />

partir <strong>de</strong> 1905. O estopim foi a implantação da reforma eleitoral promovida pela lei 1.269, que<br />

alterava a geografia dos distritos eleitorais, on<strong>de</strong> ocorriam as eleições proporcionais. O ministro<br />

Seabra, responsável pela reconfiguração dos distritos, pediu aos partidos <strong>de</strong> cada estado que<br />

dissess<strong>em</strong> como seus estados <strong>de</strong>veriam ser divididos, mas ignorou as sugestões do governador<br />

da Bahia, estabelecendo a divisão conforme seus próprios critérios (Figura 3). Era um passo claro<br />

no sentido <strong>de</strong> pavimentar o caminho para o controle político do estado natal. Os distritos criados<br />

por Seabra privilegiavam, como era <strong>de</strong> se esperar, as cida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> ele era mais forte. O primeiro<br />

distrito seguia a linha ferroviária <strong>de</strong> Salvador a Alagoinhas. A se<strong>de</strong> do terceiro distrito, Bonfim,<br />

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