A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...
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2 A arena e as regras<br />
2.1A Bahia <strong>de</strong> Rui e Seabra<br />
A República inaugurou uma nova dinâmica política no Brasil. A antiga tensão entre centralização<br />
e po<strong>de</strong>r local, presente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a colônia, expressou-se, então, na adoção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
fe<strong>de</strong>ralismo articulado principalmente <strong>em</strong> torno das províncias, transformadas <strong>em</strong> estados.<br />
Aprofundava-se uma tendência, visível <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Ato Adicional (1834), <strong>de</strong> submissão do po<strong>de</strong>r<br />
local a um arranjo político regionalizado, processo intensificado com a extinção dos mecanismos<br />
centralizadores do Império (partidos nacionais, nomeação dos presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> província, Po<strong>de</strong>r<br />
Mo<strong>de</strong>rador) 9 . O fe<strong>de</strong>ralismo resultou no fortalecimento dos grupos que dominavam o po<strong>de</strong>r<br />
estadual, que se tornaram atores fundamentais do jogo político nacional.<br />
Muito cedo, os baianos perceberam que estavam <strong>em</strong> <strong>de</strong>svantag<strong>em</strong> nesse novo jogo. Não que a<br />
Bahia não tivesse relevância política na República. Com a segunda maior bancada do Congresso<br />
(menor apenas do que a <strong>de</strong> Minas Gerais e igual à <strong>de</strong> São Paulo) e o peso da antiga tradição, os<br />
dirigentes estaduais ainda tinham um espaço importante nas negociações nacionais. Porém, <strong>em</strong><br />
comparação com a situação privilegiada do Império, era evi<strong>de</strong>nte o <strong>de</strong>clínio.<br />
Ao longo das quatro décadas da Primeira República, a Bahia teve apenas um representante na<br />
vice-presidência, e ainda assim, <strong>de</strong> forma t<strong>em</strong>porária: Manuel Vitorino, que assumiu o cargo por<br />
motivo <strong>de</strong> doença do titular, Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Morais. Somente <strong>em</strong> 1930, outro baiano (Vital Soares)<br />
seria elevado novamente à vice-presidência, mas não tomaria posse <strong>de</strong>vido à revolução ocorrida<br />
naquele ano. Nos ministérios republicanos, a presença da Bahia foi discreta, <strong>em</strong> comparação ao<br />
Império: entre 1889 e 1930, apenas treze baianos foram nomeados ministros (Tabela 1), sendo<br />
seis militares <strong>em</strong> pastas relacionadas à <strong>de</strong>fesa e às relações exteriores. Dentre os ministros civis,<br />
cuja escolha refletia mais claramente o po<strong>de</strong>r estadual (já que a escolha dos militares atendia<br />
também a questões internas da corporação), dois foram interinos. Restam cinco nomes: Rui<br />
Barbosa, Seabra, Severino Vieira, Miguel Calmon e Otávio Mangabeira, que exerceram influência<br />
nacional nas primeiras décadas republicanas.<br />
9 Sobre o processo <strong>de</strong> fortalecimento das elites provinciais, mesmo na vigência das medidas centralizadoras do Império a<br />
partir <strong>de</strong> 1840, ver: DOLHNIKOFF, 2003.<br />
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