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A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...

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seguinte, Campos Sales. Em 1898, fundou um jornal, A Imprensa, que se tornou sua tribuna<br />

preferencial para atacar o governo, mas o veículo teve dificulda<strong>de</strong>s financeiras e fechou. Apesar<br />

do sucesso como jornalista, da repercussão das suas críticas, a vida na oposição era muito difícil.<br />

Na Bahia, a situação <strong>de</strong> Rui ainda permanecia a mesma, <strong>em</strong>bora sua influência provavelmente<br />

tenha diminuído com a ascensão <strong>de</strong> Severino Vieira ao governo, <strong>em</strong> 1900.<br />

Quanto a Seabra, o retorno ao Congresso, <strong>em</strong> 1896, foi a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> voltar a se agarrar às<br />

engrenagens do po<strong>de</strong>r, apoiando-se nos el<strong>em</strong>entos certos para subir. Eleito contra a vonta<strong>de</strong> do<br />

presi<strong>de</strong>nte, ele conseguiu retomar a estratégia <strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacar como governista, articulando-se<br />

ao grupo que pretendia reduzir a influência <strong>de</strong> Francisco Glicério no governo. Em maio <strong>de</strong> 1897,<br />

propôs ao Congresso uma moção <strong>de</strong> congratulações a Pru<strong>de</strong>nte pela repressão da revolta da<br />

Escola Militar, ocorrida naquele mês. A chamada “moção Seabra” – que teve gran<strong>de</strong> repercussão<br />

e ajudou a projetar o nome do <strong>de</strong>putado baiano – foi uma manobra para revelar as conexões <strong>de</strong><br />

Glicério com os rebel<strong>de</strong>s. S<strong>em</strong> po<strong>de</strong>r subscrever a moção, pois estava realmente ligado aos<br />

jacobinos da Escola Militar, Francisco Glicério teve que <strong>de</strong>ixar a li<strong>de</strong>rança do governo. Foi uma<br />

vitória do grupo <strong>de</strong> Seabra, que ampliou seu espaço na base governista.<br />

As relações <strong>de</strong> Seabra com Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Morais se estreitaram quando o <strong>de</strong>putado baiano atuou<br />

como advogado da família do marechal Bittencourt, ministro da Guerra, morto ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o<br />

presi<strong>de</strong>nte no atentado <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1897. Seabra acusou os supostos mandantes do crime,<br />

inclusive o vice-presi<strong>de</strong>nte Manuel Vitorino, que teria se envolvido com os conspiradores para<br />

permanecer na Presidência (ele havia assumido o cargo entre nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1896 e março <strong>de</strong><br />

1897, quando Pru<strong>de</strong>nte se afastara por probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>). Articulado ao grupo pru<strong>de</strong>ntista,<br />

Seabra não hesitou <strong>em</strong> acusar Manuel Vitorino, a qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>via sua eleição para o Congresso. Sob<br />

o pseudônimo Caneca (herança da vivência pernambucana), mandou publicar artigos na Gazeta<br />

<strong>de</strong> Notícias (RJ), atacando o vice-presi<strong>de</strong>nte e o juiz Afonso <strong>de</strong> Miranda, responsável pelo caso,<br />

que excluiu Vitorino do rol <strong>de</strong> acusados. O tom dos artigos era <strong>de</strong> confrontação direta:<br />

Que consciência reta não se achará alarmada e sobressaltada diante do <strong>de</strong>splante com que o Sr.<br />

Afonso <strong>de</strong> Miranda teve a corag<strong>em</strong> <strong>de</strong> vir, lampeiro, afirmar ao Brasil e ao mundo que não<br />

encontrou no processo, inquérito e formação <strong>de</strong> culpa, indícios ve<strong>em</strong>entes da criminalida<strong>de</strong> do<br />

hom<strong>em</strong> [Manuel Vitorino] para qu<strong>em</strong> seus amigos já cogitaram <strong>de</strong> requerer um habeas corpus<br />

preventivo, <strong>de</strong> um hom<strong>em</strong> apontado pela opinião pública como conspirador e co-autor do indigno e<br />

infame atentado <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro?! (...)<br />

Des<strong>de</strong> o dia <strong>em</strong> que o sr. Manuel Vitorino tomou posse do cargo <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte da República, no<br />

impedimento, por moléstia, do dr. Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Morais, que conspira contra o presi<strong>de</strong>nte a fim <strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>polgar o po<strong>de</strong>r, não escolhendo os meios, <strong>de</strong> modo a concordar com a eliminação <strong>de</strong>le pela<br />

garrucha <strong>de</strong> Marcelino Bispo (CANECA, 1898, p.VI-VII).<br />

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