A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...
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on<strong>de</strong> jamais tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferecer um só projeto <strong>de</strong> lei visando o b<strong>em</strong><br />
público e os interesses da República;<br />
Que, quando, por sua exigüida<strong>de</strong>, recusei certa quantia a que me julgava com<br />
direito, e resolvi oferecê-la a um instituto <strong>de</strong> beneficência ou carida<strong>de</strong>, procurei<br />
<strong>em</strong> Niterói esse instituto, por não ter a Bahia, <strong>de</strong> que sou filho, estabelecimentos<br />
congêneres, ou por não ter me l<strong>em</strong>brado <strong>de</strong> que aqui nascera;<br />
Que, quando fui procurado para patrocinar uma causa que vivamente<br />
interessava a fortuna do Município on<strong>de</strong> nasci (esta capital) por ter sido a<br />
respectiva fortuna criminosamente <strong>de</strong>sbaratada por um ímprobo gestor, recebi<br />
pelo meu trabalho, ou pelo simples <strong>em</strong>préstimo <strong>de</strong> meu nome e <strong>de</strong> minha fama,<br />
a importância correspon<strong>de</strong>nte a 10% da quantia arrecadada;<br />
Que, como senador, associei-me <strong>de</strong>pois com esse “mesmíssimo gestor” para a<br />
organização <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> que sou presi<strong>de</strong>nte para o fim <strong>de</strong> fabricar<br />
soda cáustica (como amarga essa soda e dói esse cáustico!)... e obter do Governo<br />
Fe<strong>de</strong>ral o prêmio prometido <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> contos, o que suce<strong>de</strong>u e tudo consta<br />
do Diário Oficial da República dos Estados Unidos do Brasil!!!...<br />
Enfim, Ex mo. Sr. Senador, seria uma série quase interminável <strong>de</strong> mazelas que<br />
po<strong>de</strong>ria V. Ex a apontar, se não se tivesse mostrado tão generoso e gentil para<br />
comigo.<br />
Eis, <strong>em</strong> resumo, Sr. Senador, os motivos por que é V. Ex a recebido entre braçadas<br />
<strong>de</strong> flores e <strong>de</strong>lirantes palmas, enquanto que eu, pobre <strong>de</strong> mim! <strong>de</strong>vo ser<br />
con<strong>de</strong>nado pela justiça do Povo e da <strong>História</strong>, ao castigo que b<strong>em</strong> mereço por<br />
minha ingratidão e por meus crimes.<br />
O mais, Ex mo. Sr. Senador, fica para o Senado, on<strong>de</strong>, espero, nos encontrar<strong>em</strong>os;<br />
V. Ex a ainda duro, perto dos 71; e, eu, já flácido, <strong>em</strong> franco caminho dos 64.<br />
“Au revoir!” Senador; e creio que, como V. Ex a , po<strong>de</strong>rei repetir que “<strong>de</strong>i no<br />
vinte”.<br />
135<br />
Mais uma vez, acusa Rui<br />
<strong>de</strong> não amar a Bahia<br />
como <strong>de</strong>veria.<br />
Foi o próprio Seabra<br />
qu<strong>em</strong> ofereceu a soma<br />
<strong>de</strong> 100 contos para<br />
recompensar esse<br />
trabalho <strong>de</strong> Rui. É o caso<br />
do município contra a<br />
Guinle, <strong>em</strong> 1914.<br />
Júlio Brandão, inten<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> Salvador e sócio <strong>de</strong><br />
Rui na Carbônica S.A.<br />
Novamente, referências<br />
à ida<strong>de</strong>. Seabra queria<br />
s<strong>em</strong>pre parecer jov<strong>em</strong> e<br />
forte, e usava isso <strong>em</strong><br />
contraponto à imag<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong> velho sábio <strong>de</strong> Rui.<br />
“Dei no vinte”: gíria da<br />
época que significa algo<br />
como “acertar na<br />
mosca”.