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A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...

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pois serviu também como aglutinador daqueles que vinham lutando contra o Estado Novo na<br />

Bahia. Em 1942, já se haviam passado três décadas do bombar<strong>de</strong>io, e a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Seabra já era<br />

diferente: ele era visto por muitos como um velho político liberal, que se contrapunha ao regime<br />

autoritário <strong>de</strong> Getúlio Vargas. Na historiografia baiana, contudo, a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Caim ainda era<br />

predominante, até porque alguns dos principais autores da época, como Luís Viana Filho e Pedro<br />

Calmon, eram <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes próximos dos políticos seus cont<strong>em</strong>porâneos. S<strong>em</strong> a perpetuação<br />

consciente da sua imag<strong>em</strong>, como aconteceu com Rui (que está <strong>em</strong> todos os livros didáticos até<br />

hoje), Seabra foi sendo gradualmente apagado, esquecido mesmo. A maioria dos baianos, hoje,<br />

não sabe qu<strong>em</strong> ele foi. A única referência realmente viva do seu nome é a rua J. J. Seabra, mais<br />

conhecida como Baixa dos Sapateiros.<br />

Mais recent<strong>em</strong>ente, os novos enfoques historiográficos vêm resgatando a imag<strong>em</strong> do Seabra<br />

civilizador, da reforma urbana e da organização do Estado. Porém, essa <strong>de</strong>scoberta veio no bojo<br />

da crítica ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> “civilização” almejada pelas elites baianas. Misturadas aos ecos do Caim,<br />

essas contribuições fortaleceram a visão <strong>de</strong> Seabra como concentração <strong>de</strong> tudo <strong>de</strong> ruim, como<br />

verda<strong>de</strong>iro vilão da história da Bahia. Os fatos conhecidos da sua vida são, basicamente, os<br />

mesmos <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre, mas adquiriram uma conotação negativa, malévola. Não surpreen<strong>de</strong>, pois,<br />

como indica Girar<strong>de</strong>t (p.16), “lenda dourada ou lenda sombria, a veneração ou a execração<br />

alimentam-se dos mesmos fatos, <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>-se a partir da mesma trama”.<br />

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