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A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...

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“coronéis”, incomodados com a interferência nas lutas locais. Os partidários <strong>de</strong> Rui perceberam<br />

essa inquietação e convocaram esses “coronéis” para a campanha “libertadora” da Bahia. Estava<br />

formada, assim, a base do que a historiografia costuma chamar <strong>de</strong> Reação Sertaneja, Revolução<br />

Sertaneja ou Levante Sertanejo.<br />

Os principais chefes guerreiros envolvidos no movimento eram o coronel Horácio <strong>de</strong> Matos, das<br />

Lavras Diamantinas, coronel Anfilófio Castelo Branco, do São Francisco, e coronel Marcionílio <strong>de</strong><br />

Sousa, <strong>de</strong> Maracás. Enquanto o governo estadual e a oposição engalfinhavam-se <strong>em</strong> torno dos<br />

números da eleição, com os processos rotineiros <strong>de</strong> violência e frau<strong>de</strong>, os “coronéis” lutavam no<br />

interior contra as forças policiais. Os conflitos eram narrados, <strong>de</strong> forma dramática e exacerbada,<br />

no jornal A Tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong> Simões Filho, que alar<strong>de</strong>ava que, a qualquer momento, os guerreiros do<br />

sertão marchariam sobre a capital. Tudo isso contribuía para diss<strong>em</strong>inar o pânico na população.<br />

Antônio Muniz não teve saída a não ser solicitar a intervenção para “reestabelecer a or<strong>de</strong>m e a<br />

tranqüilida<strong>de</strong>” (23 fev. 1920). Porém, ao contrário do que esperava a oposição, Epitácio Pessoa<br />

<strong>de</strong>ixou os seabristas no po<strong>de</strong>r, <strong>em</strong>bora tenha tentado convencer Seabra a renunciar. Para<br />

pacificar o sertão, os <strong>em</strong>issários do presi<strong>de</strong>nte negociaram diretamente com os “coronéis”, que<br />

só baixaram as armas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> assinar tratados proveitosos, que lhes garantiam o domínio <strong>de</strong><br />

amplas regiões da Bahia.<br />

Rui ficou, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, enfurecido com o <strong>de</strong>sfecho da luta pela qual tanto se esforçou. Travou<br />

uma polêmica com Epitácio Pessoa nos jornais sobre a questão da intervenção na Bahia. Para<br />

Rui, o governo baiano era o responsável pelas <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns, portanto o presi<strong>de</strong>nte não po<strong>de</strong>ria, a<br />

pretexto <strong>de</strong> estabelecer a or<strong>de</strong>m, “manter a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m”. Apesar dos argumentos, s<strong>em</strong>pre cheios<br />

<strong>de</strong> erudição e expressivida<strong>de</strong>, era evi<strong>de</strong>nte que Rui <strong>de</strong>fendia a intervenção simplesmente porque<br />

era a favor do seu grupo. Toda a sua argumentação era baseada na pr<strong>em</strong>issa da ilegitimida<strong>de</strong> do<br />

po<strong>de</strong>r do governo estadual e na legitimida<strong>de</strong> das ações dos seus aliados. No fundo, era a mesma<br />

situação da época do bombar<strong>de</strong>io, com sinais trocados. O que Epitácio Pessoa fez, <strong>em</strong> 1919, foi o<br />

que Rui exigiu <strong>de</strong> Hermes <strong>em</strong> 1912: a manutenção do po<strong>de</strong>r já estabelecido no estado (OCRB<br />

1920 v. XLVII, t.III, p.30).<br />

Seabra tomou posse do governo da Bahia pela segunda vez (29 mar. 1920), mas tinha um alto<br />

preço a pagar. Indisposto com o presi<strong>de</strong>nte Epitácio, <strong>de</strong>smoralizado diante dos “coronéis”, não<br />

conseguiria retomar o controle sobre a política baiana. Ele ainda revogou a lei que extinguiu a<br />

eleição dos inten<strong>de</strong>ntes, mudou assessores do governo e convocou um pioneiro congresso <strong>de</strong><br />

inten<strong>de</strong>ntes municipais, <strong>em</strong> 1921, para tentar reverter a crise. Nada disso evitou seu progressivo<br />

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