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A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...

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A oposição baiana se articulava, <strong>em</strong> 1919, <strong>em</strong> torno da nova campanha presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> Rui<br />

Barbosa. Dessa vez, tratava-se <strong>de</strong> uma eleição ext<strong>em</strong>porânea, para substituir o presi<strong>de</strong>nte eleito<br />

Rodrigues Alves, que morreu antes da posse. Como s<strong>em</strong>pre, Rui foi logo cotado como candidato<br />

natural ao cargo. Quando a “convenção nacional” se reuniu, no entanto, um acordo entre sete<br />

chefes estaduais (inclusive Seabra) <strong>de</strong>finiu que o escolhido seria o paraibano Epitácio Pessoa. Rui<br />

não se conformou com a <strong>de</strong>cisão. Dez anos <strong>de</strong>pois da campanha civilista, teve ânimo para uma<br />

nova <strong>em</strong>preitada eleitoral, com chances <strong>de</strong> sucesso ainda mais r<strong>em</strong>otas, pois os únicos governos<br />

estaduais que o apoiavam eram os do Rio <strong>de</strong> Janeiro (Nilo Peçanha) e Pará.<br />

A Bahia seabrista lhe recusou apoio. Segundo Rui, o “grito <strong>de</strong> Caim” se fez ouvir na convenção,<br />

para repudiá-lo “<strong>em</strong> nome da Bahia, mãe idolatrada”, estr<strong>em</strong>ecida <strong>de</strong> aversão “à prole bastarda<br />

que se manchou no sangue materno, capturando-a como presa inimiga, assaltada e<br />

bombar<strong>de</strong>ada” (OCRB, v.XLVI, 1919, t.I, p.35). Os termos Caim e bombar<strong>de</strong>io voltavam, como se<br />

vê, a ocupar lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no vocabulário político <strong>de</strong> Rui,<br />

Na campanha eleitoral que se seguiu, ele proclamou cinco conferências públicas: duas no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, uma <strong>em</strong> São Paulo, uma <strong>em</strong> Minas Gerais, e a última na Bahia. A conferência baiana,<br />

realizada no Politeama (12 abr.1919), foi quase integralmente <strong>de</strong>dicada à critica do seabrismo.<br />

Usando um artifício <strong>de</strong> retórica, <strong>em</strong> que comparava a caixa do tesouro estadual a um recipiente<br />

hidráulico, Rui <strong>de</strong>clarou que o probl<strong>em</strong>a da Bahia era que os recursos escorriam pelos furos,<br />

pelos escoadouros, pelos “ladrões” (OCRB, v.XLVI, 1919, t.II, p.47). Sua visita a Salvador, <strong>em</strong> meio<br />

a um período <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> conturbação política, serviu para galvanizar ainda mais oposição. Otávio<br />

Mangabeira lançou o novo l<strong>em</strong>a: Rui ou a revolução. Era uma palavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m inteligente, pois<br />

funcionava <strong>em</strong> dois sentidos opostos: galvanizava a multidão das ruas, <strong>em</strong>polgadas com a onda<br />

revolucionária, mas também amedrontava as classes conservadoras, s<strong>em</strong>pre t<strong>em</strong>erosas <strong>de</strong><br />

subversões da or<strong>de</strong>m. Entre Rui e a revolução, elas certamente preferiam Rui.<br />

A presença <strong>de</strong> Rui mexeu também com os seabristas. O D<strong>em</strong>ocrata, jornal que substituiu a<br />

Gazeta do Povo como órgão do seabrismo <strong>em</strong> 1916, publicou uma série <strong>de</strong> artigos chamando Rui<br />

<strong>de</strong> Anticristo, com sua “imaginação infernal” e “supr<strong>em</strong>a vaida<strong>de</strong>” O próprio Seabra respon<strong>de</strong>u à<br />

conferência <strong>de</strong> Rui com uma sarcástica Carta Aberta, reproduzida com comentários no apêndice<br />

<strong>de</strong>sta dissertação, <strong>em</strong> que insinuava até doença mental. Estava aberta uma nova t<strong>em</strong>porada <strong>de</strong><br />

hostilida<strong>de</strong>s, acusações e insultos entre os dois baianos.<br />

Apesar da importância da visita a Salvador para a oposição baiana, o ponto alto <strong>de</strong>ssa campanha<br />

presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> Rui foram os discursos proferidos no Rio <strong>de</strong> Janeiro. O primeiro <strong>de</strong>les, intitulado<br />

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