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A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...

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O nome <strong>de</strong> Rui não logrou obter apoio nacional para ser lançado à presidência, mas tampouco<br />

Pinheiro Machado conseguiu se colocar como sucessor do marechal. Ao fim das negociações, o<br />

vice-presi<strong>de</strong>nte da República, o mineiro Venceslau Brás, foi escolhido como nome <strong>de</strong> conciliação.<br />

Publicamente, os seabristas relutaram <strong>em</strong> abandonar Rui. O <strong>de</strong>putado Mário Hermes, <strong>em</strong> nome<br />

da bancada, <strong>de</strong>clarou que a candidatura baiana fora apresentada antes da mineira, e que a Bahia<br />

continuaria com ela, mesmo s<strong>em</strong> a companhia dos <strong>de</strong>mais estados. De fato, o governo baiano<br />

sustentou o nome <strong>de</strong> Rui mesmo <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>sistência do próprio candidato, <strong>em</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />

1913. A Gazeta do Povo (22 fev. 1914) <strong>de</strong>u a palavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m: “Rui ou ninguém!”.<br />

Ainda que tudo isso tenha sido apenas um jogo <strong>de</strong> cena <strong>de</strong> Seabra, enquanto tentava se articular<br />

com a candidatura vitoriosa <strong>de</strong> Venceslau Brás, é fato que houve uma reaproximação dos dois<br />

baianos, que se converteu <strong>em</strong> aliança estratégica. A correspondência pessoal, interrompida <strong>em</strong><br />

1905, foi retomada. Em 1913, os dois filhos <strong>de</strong> Rui (Alfredo e João) estavam integrados à chapa<br />

oficial <strong>de</strong> candidatos do Partido D<strong>em</strong>ocrata, que incluía também amigos próximos do senador,<br />

como José Joaquim da Palma e José Maria Tourinho. Como conseqüência <strong>de</strong>ssa aproximação,<br />

são raras as referências a Seabra ou ao bombar<strong>de</strong>io da Bahia nos discursos e artigos das Obras<br />

Completas <strong>de</strong> Rui Barbosa <strong>em</strong> 1913 e 1914.<br />

Nos discursos que fez sobre o recente bombar<strong>de</strong>io <strong>de</strong> Manaus, Rui praticamente não mencionou<br />

os fatos s<strong>em</strong>elhantes ocorridos <strong>em</strong> Salvador no ano anterior, a não ser <strong>em</strong> breves referências. Da<br />

mesma forma, nas conferências que preparou para sua campanha presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> 1914, nunca<br />

proferidas, mas publicadas nos jornais, Rui usou termos enfáticos para l<strong>em</strong>brar as tragédias do<br />

Satélite e da Ilha das Cobras, mas falou genericamente sobre a intervenção nos estados (OCRB,<br />

v.XL, 1913, t.IV; t.V). Diante dos comentários sobre sua reconciliação com alguns salvadores do<br />

início do governo Hermes (além <strong>de</strong> Seabra, Nilo Peçanha, Dantas Barreto e Mena Barreto haviam<br />

se aproximado <strong>de</strong> Rui), o senador baiano alegou que todos tinham direito <strong>de</strong> reconhecer o erro e<br />

mudar <strong>de</strong> posição, e que foram os salvadores que mudaram, não ele. Quanto ao caso baiano,<br />

especificamente, observou:<br />

106<br />

Na Bahia, ninguém ignora a <strong>de</strong>sabrida oposição por mim feita à política pela qual se estabeleceu<br />

naquele estado o governo <strong>de</strong> hoje. Suce<strong>de</strong>u, porém, que o governo atual e o seu partido<br />

<strong>de</strong>liberaram levantar a minha candidatura à presidência quando esta candidatura estava mais do<br />

que <strong>de</strong>finida como a candidatura do que chamavam Chefe do Civilismo (...) Como é do meu<br />

costume, (...) respondi agra<strong>de</strong>cendo, mas l<strong>em</strong>brando que eu não era o indivíduo, eu era a<br />

expressão <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> idéias (...) A resposta que me <strong>de</strong>ram da Bahia o governador e os<br />

m<strong>em</strong>bros do seu partido foi que me recebiam com minhas idéias, com o meu programa, com a<br />

minha ban<strong>de</strong>ira (OCRB, v.XLI, 1914, t.II, p.289-290).

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