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A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...

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O discurso da baianida<strong>de</strong> e do político realizador, tocador <strong>de</strong> obras, tão acionado na Bahia ao<br />

longo do século XX, teve sua gênese com Seabra.<br />

3.4Trégua e tensão ( 1913-1918)<br />

Apenas um ano e meio <strong>de</strong>pois do bombar<strong>de</strong>io <strong>de</strong> Salvador, “Caim” e o “velhote <strong>de</strong>sorientado” já<br />

faziam parte do passado, pois Seabra e Rui firmaram uma surpreen<strong>de</strong>nte aliança. O motivo da<br />

reaproximação foi o rompimento entre o governador baiano e o marechal Hermes, <strong>de</strong>rivado do<br />

crescimento da influência <strong>de</strong> Pinheiro Machado sobre o presi<strong>de</strong>nte. Seabra continuava amigo <strong>de</strong><br />

Mário Hermes, que era o lí<strong>de</strong>r da bancada baiana na Câmara Fe<strong>de</strong>ral, mas o prestígio do grupo<br />

familiar <strong>de</strong>cresceu após a morte da primeira esposa do marechal e seu rápido casamento com a<br />

jov<strong>em</strong> Nair <strong>de</strong> Tefé, mulher avançada para a época, que não foi b<strong>em</strong> aceito pelos filhos. O drama<br />

familiar, somado à dispersão dos militares salvacionistas pelos respectivos estados, contribuiu<br />

para o recru<strong>de</strong>scimento da força <strong>de</strong> Pinheiro Machado, que tratou <strong>de</strong> afastar os que vinham<br />

tentando minar seu prestígio no governo fe<strong>de</strong>ral, inclusive Seabra.<br />

Em julho <strong>de</strong> 1913, pois, lá estava o governador Seabra, chefe do Partido D<strong>em</strong>ocrata, lançando a<br />

única candidatura que parecia capaz <strong>de</strong> combater a força <strong>de</strong> Pinheiro na sucessão presi<strong>de</strong>ncial: a<br />

do “gran<strong>de</strong> cidadão Rui Barbosa”, “egrégio brasileiro”, “respeitado e prestigioso” (Gazeta do<br />

Povo, 08 jul. 1913). A população <strong>de</strong> Salvador assistiu, então, surpresa, a passeatas acadêmicas,<br />

festas e meetings dos seabristas a favor <strong>de</strong> Rui. Cosme <strong>de</strong> Farias, como <strong>de</strong>legado da Liga Popular<br />

Rui Barbosa, saiu às ruas <strong>em</strong> propaganda da “gloriosa <strong>Águia</strong> <strong>de</strong> Haia” (Gazeta do Povo, 16 jul., 5<br />

ago.1913). O jornal seabrista, antes tão hostil a Rui, <strong>de</strong>rramava-se <strong>em</strong> elogios:<br />

105<br />

Não sab<strong>em</strong>os o que admirar mais no maior dos brasileiros, se o seu excepcional talento, se o seu<br />

raro e singular cultivo, ou se a gran<strong>de</strong>za, se o <strong>de</strong>nodo, se o civismo incomparável com que se bate e<br />

com que se <strong>de</strong>staca, no nosso meio e na nossa época, como o apóstolo <strong>de</strong> todas as causas santas<br />

da liberda<strong>de</strong> (Gazeta do Povo, 05 nov.1913).<br />

A essa altura, o instável tabuleiro da política baiana já tinha sofrido novas rearrumações, com<br />

várias peças trocando <strong>de</strong> lado. Luís Viana, eleito senador com apoio <strong>de</strong> Seabra, rompeu com o<br />

governador <strong>em</strong> janeiro <strong>de</strong> 1913. Na oposição, aliou-se ao antigo <strong>de</strong>safeto Severino Vieira, ambos<br />

sob a regência <strong>de</strong> Pinheiro Machado. Durante a campanha presi<strong>de</strong>ncial, José Marcelino ainda se<br />

manteve atrelado a Rui, mas, <strong>em</strong> 1914, ele também a<strong>de</strong>riu ao pinheirismo. Tão surpreen<strong>de</strong>nte<br />

quanto ver Seabra e Rui <strong>de</strong> mãos dadas era assistir à aliança dos três ex-governadores, outrora<br />

encarniçados inimigos, para combater o novo todo-po<strong>de</strong>roso da Bahia (SAMPAIO, 1998, p.127).

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