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A Raposa e a Águia - Programa de Pós-Graduação em História ...

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por soldados disfarçados e maus el<strong>em</strong>entos, aos quais se ajuntaram funcionários <strong>de</strong> repartições<br />

fe<strong>de</strong>rais, como os Correios e Telégrafos, e <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas ligadas ao ministro da Viação, como a<br />

companhia das obras do porto e a casa Guinle (OCRB, v.XXXIX, 1912, t.I, p.219, 241, 355).<br />

Deixando-se <strong>de</strong> parte os termos pejorativos e elitistas, como malta, patuléia, escória e lixo, a<br />

acusação <strong>de</strong> Rui não era <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> sentido, pois militares, funcionários e <strong>em</strong>pregados das<br />

companhias interessadas na ascensão <strong>de</strong> Seabra participaram, efetivamente, da multidão que<br />

legitimava as ações seabristas no período.<br />

No tocante aos militares, vários oficiais envolvidos nos eventos <strong>de</strong> 1912 viriam a integrar, mais<br />

tar<strong>de</strong>, as hostes políticas <strong>de</strong> Seabra. O tenente Propício da Fontoura, sobrinho do novo ministro<br />

da Guerra (Mena Barreto) e o tenente Ferreira <strong>de</strong> Matos, comandante <strong>de</strong> scout Bahia, foram,<br />

pouco <strong>de</strong>pois, eleitos <strong>de</strong>putados fe<strong>de</strong>rais pelo partido seabrista. O próprio general Sotero,<br />

responsável direto pelo bombar<strong>de</strong>io, elegeu-se senador estadual. Quanto aos funcionários e<br />

<strong>em</strong>pregados das companhias, basta um ex<strong>em</strong>plo: <strong>em</strong> 12 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1911, a Gazeta do Povo<br />

publicou uma extensa lista nominal <strong>de</strong> operários da Viação Baiana que apoiavam a candidatura<br />

Seabra. Sabendo-se que essa <strong>em</strong>presa ferroviária era dirigida por Miguel <strong>de</strong> Teive e Argolo,<br />

sogro do seabrista Muniz Sodré, po<strong>de</strong>-se imaginar <strong>de</strong> que formas o apoio dos trabalhadores foi<br />

“estimulado” pelos patrões.<br />

A multidão que se vê nas fotos da época, entretanto, não se limita aos soldados, funcionários e<br />

<strong>em</strong>pregados das companhias interessadas na ascensão do seabrismo ao governo. Havia mais<br />

gente disposta a sair às ruas para prestigiar o novo governador. Como já se assinalou, Seabra<br />

tinha uma antiga ligação com setores do operariado da capital. Em set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1911, ele foi<br />

agraciado com o diploma <strong>de</strong> sócio ben<strong>em</strong>érito do Centro Operário da Bahia. Dois meses <strong>de</strong>pois,<br />

essa entida<strong>de</strong> lançou a candidatura <strong>de</strong> Mário Hermes à Câmara Fe<strong>de</strong>ral (Gazeta do Povo, 27 nov.<br />

1911). Há t<strong>em</strong>pos, dizia-se que essa candidatura era a raiz do gran<strong>de</strong> prestígio <strong>de</strong> Seabra junto<br />

ao presi<strong>de</strong>nte, e agora os operários baianos tomavam a “iniciativa” <strong>de</strong> cumprir a promessa. É<br />

provável, pois, que muitos trabalhadores ligados ao Centro Operário tenham participado dos<br />

rituais públicos pró-Seabra. Além disso, o time <strong>de</strong> meetingueiros do seabrismo (Rafael Pinheiro,<br />

Ângelo Dourado, Cosme <strong>de</strong> Farias, entre outros) estava nas ruas, mobilizando a população<br />

urbana a favor do seu chefe.<br />

Outros el<strong>em</strong>entos, <strong>de</strong> maior po<strong>de</strong>r econômico, também apoiavam o seabrismo ascen<strong>de</strong>nte. A<br />

Associação Comercial da Bahia, por ex<strong>em</strong>plo, participou ativamente das negociações para a<br />

solução da crise política. A entida<strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre esteve muito próxima aos donos do po<strong>de</strong>r político<br />

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