inicialmente acusado por Rui <strong>de</strong> omissão, aparent<strong>em</strong>ente também protestou contra o ato do general Sotero. O fato <strong>de</strong> o barão ter falecido <strong>em</strong> meio à crise baiana (09 fev.1912), <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong> à história (provavelmente fantasiosa) <strong>de</strong> que sua doença fora agravada pela profunda tristeza pelo bombar<strong>de</strong>io da Bahia, terra natal <strong>de</strong> seu pai, o viscon<strong>de</strong> do Rio Branco. O barão passou a ser, então, a mais ilustre “vítima” dos canhões <strong>de</strong> São Marcelo 21 . Veja-se, por ex<strong>em</strong>plo, o dramático relato <strong>de</strong> Américo Jacobina Lacombe sobre seus últimos instantes <strong>de</strong> vida: 101 Agoniado, o doente era r<strong>em</strong>ovido constant<strong>em</strong>ente da cama para uma ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> braços. Estava cego, mas, com os olhos muito abertos, como se estivesse a cont<strong>em</strong>plar alguma coisa distante. Delirava, e as suas palavras indicavam o “<strong>de</strong>lírio profissional” do político, ligadas à impressão do bombar<strong>de</strong>io: – Bombar<strong>de</strong>io da Bahia! – Forte <strong>de</strong> São Marcelo! (LACOMBE, p.129). Um dos argumentos usados por Rui para cobrar a punição dos responsáveis pelo bombar<strong>de</strong>io era <strong>de</strong> que o ato teria afetado a imag<strong>em</strong> do Brasil no exterior, nossos “foros <strong>de</strong> país civilizado”, pois não se admitia aquele tipo <strong>de</strong> ataque a uma cida<strong>de</strong> comercial. A violência <strong>de</strong>spropositada estaria colocando o Brasil no patamar das <strong>de</strong>mais republicas sul-americanas, <strong>de</strong>sprezadas pelos políticos brasileiros por seus golpes caudilhescos. Segundo Rui, “na imprensa européia, se alu<strong>de</strong> já <strong>em</strong> sobressalto pela sorte dos capitais aqui investidos, à onda <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m <strong>em</strong> que se vai atolando a nossa cultura e o nosso crédito”. O bombar<strong>de</strong>io estaria, pois, dando ao Brasil um atestado <strong>de</strong> barbárie, prejudicando sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atrair investimentos. Era um argumento que falava ao bolso dos políticos nacionais (OCRB, v.XXXIX, 1912, t.II, p.220). Nada disso impediu Seabra <strong>de</strong> assumir o governo do Estado, <strong>em</strong> 28 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1912. O novo governador, até então, mantivera-se fora da Bahia, s<strong>em</strong> participar diretamente dos eventos. De fato, na s<strong>em</strong>ana explosiva do bombar<strong>de</strong>io, Seabra apareceu placidamente numa foto da revista Fon-fon (Figura 6), participando <strong>de</strong> uma cerimônia <strong>de</strong> casamento no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Quando finalmente veio à Bahia, já foi como governador eleito. Os rituais <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>barque e recepção levaram uma enorme multidão às ruas, o que certamente dá o que pensar. Qu<strong>em</strong> era esse povo que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tantos tumultos e violências, ainda prestigiava o ex-ministro, a qu<strong>em</strong> se atribuía a “autoria intelectual” do bombar<strong>de</strong>io? Segundo Rui, o que os seabristas chamavam <strong>de</strong> “povo” não passava <strong>de</strong> uma “malta arruaceira”, “patuléia <strong>de</strong> sicários”, “escória das calçadas”, “lixo <strong>de</strong> todos os motins”, formada basicamente 21 Uma conseqüência <strong>de</strong>ssa história foi a “fúria” <strong>de</strong> homenagens ao barão do Rio Branco no período seabrista (LINS, 1988, p. 44). Além da estátua na avenida Sete <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro, o barão foi homenageado com a colocação <strong>de</strong> seu nome no novo palácio do governo (Palácio Rio Branco) e na cida<strong>de</strong> que então se chamava Santo Antônio do Urubu. O nome atual <strong>de</strong>sse município, Paratinga, nada mais é do que a tradução <strong>de</strong> Rio Branco para o tupi.
Figura 6 – Em meio à crise do bombar<strong>de</strong>io, Seabra aparece <strong>em</strong> casamento 102 Fonte: Revista Fon-Fon, ano 1, nº2, 13/01/1912. Acervo on-line da Fundação Biblioteca Nacional (www.bn.br). A imag<strong>em</strong> foi tratada digitalmente para diminuir a marca d´água, que estava dificultando a visualização. J. J. Seabra é o segundo hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> pé, à esquerda da foto, atrás da noiva.
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