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descobri-lo. Um simples riso de uma criança ou uma lágrima displicente era<br />
o desvendar. Uma gota de chuva caída dos céus, à complexidade daquilo que as<br />
pessoas não entendiam nas crianças, também era um descobrir e um desvendar<br />
de alguma magnífica e coisa de pureza e simplecidade.<br />
O descobrir era algo mágico. Ao amar as pequenas criaturas, como<br />
pensava o autor, me fazia pensar que amá-las estivesse me introduzindo,<br />
também, naquele mundo do mais lindo simples desejo de ser amado, e que essa<br />
minha espontaneidade, essa minha plenitude de vida, embora até então<br />
escondida, fosse às próprias características do amor. Aquele descobrir de<br />
sentimentos em amá-las, me levaria fatalmente, àquela delícia do seu mais lindo<br />
simples, de sua espontaneidade, de sua plenitude de vida, que ninguém jamais<br />
ousara descobrir em mim, e que meus “porquês” indeferiam em relação aos<br />
outros. E desta mesma forma, ainda meio alheado, eu pensava: Eu quero<br />
desvendar-me, eu quero desvendá-lo, talvez tivesse medo do meu ser criança,<br />
mas não devia tê-lo para os outros.<br />
Da minha introspecção, quando parecida com o personagem de Magnólia,<br />
às voltas com Tomé, quando os seus besouros revoavam seu espírito. (Do Livro<br />
Magnólia de Márcia Tiburi - Ed. Bertrand Brasil). Minha noção criança era<br />
menor que minha própria infância. Estas imaginações tão inerentes ao meu eu<br />
menino eram também as do personagem, e não eram contrassensuais, embora<br />
pensasse que nunca as tivera tido. Mas, havia algo pesado no meu sentimento<br />
que, de certo modo, não queria ser Henrique, o eu Henrique era tão sofrível e<br />
desprezível para mim, Henrique parecia-me um ego desvairado que eu queria<br />
matar, sem matá-lo, sem lembrá-lo, no fundo eu não queria ser eu...<br />
Lembrava-me, de vez em quando e vagamente, de algumas atitudes<br />
místicas de meu pai: pessoas lhe atribuíam curas e profecias. Ele predizia algo<br />
que aconteceria com estas pessoas ou com seus parentes e estes o procuravam,<br />
mas não teve sequer uma previsão em relação à sua vida ou à própria morte. Eu<br />
não entendia isso, pensava que se fato fosse possível, ele teria feito algo para<br />
nunca me deixar.<br />
A morte é sempre uma surpresa concreta na vida. Chegou para meus<br />
olhos, vestida de preto, com aquela capa negra, com aquela foice implacável,<br />
retiradas de algum conto que ouvi contar, enquanto ouvia escondido atrás de<br />
alguma moita nas minhas peraltices. A morte viera para meu velho pai logo após<br />
eu ter completado meus cinco anos, ele sucumbiu obediente, teve que a